Líder da oposição timorense quer solução para problemas sociais e políticos
O líder da oposição timorense, Mari Alkatiri, apelou hoje ao Governo para resolver com urgência os problemas sociais e políticos no país, de modo a evitar cenários semelhantes ao que estão a ocorrer em países vizinhos.
"Eu digo sempre que a situação no nosso país hoje pode parecer melhor, mas todos sabemos que os problemas se acumulam. Podemos dizer que estamos a entrar numa situação de `bomba-relógio`", afirmou o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
Mari Alkatiri, que falava aos jornalistas no âmbito da cerimónia para assinalar o 51.º aniversário da dissolução da Associação Social Democrata Timorense (ASDT) e criação da Fretilin, referiu-se a alguns conflitos recentes.
No Nepal, 30 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos distúrbios em curso desencadeados pela proibição de acesso às principais redes sociais.
Na Indonésia, onde vivem mais de 280 milhões de pessoas, violentos protestos provocaram sete mortos, após notícias de que os membros da Câmara dos Representantes recebem um subsídio mensal de alojamento superior a dois mil euros, além do salário.
Em Timor-Leste, os jovens universitários e a sociedade civil têm protestado contra a aquisição de novas viaturas para os deputados, num valor superior a 3,5 milhões de euros.
"Isso significa que, se não fizermos uma boa gestão desta situação, poderemos enfrentar, em pouco tempo, muitos problemas sociais, políticos e mesmo conflituais. É isso que quero pedir e discutir", disse o secretário-geral da Fretilin.
"Penso que Timor-Leste precisa de olhar de novo para os seus valores e princípios. Mas também precisa de olhar em frente, de forma a evitar situações que acontecem noutros países, como assassinatos, casas incendiadas e governos a fugir de um lado para o outro", alertou o antigo primeiro-ministro.
O dirigente sublinhou que, se Timor-Leste não enfrentar desde já estes problemas, podem repetir-se cenários semelhantes aos verificados em países vizinhos.
"Não podemos pensar que conseguimos suportar tudo -- injustiças, conflitos institucionais -- sem que nada venha a acontecer no nosso país. Se pensarmos assim, estamos enganados. Porque em pouco tempo podem ocorrer acontecimentos graves", acrescentou.
O ex-tenente-general das Forças de Defesa de Timor-Leste e atual conselheiro do Presidente timorense, Lere Anan Timur, apelou também ao Governo para trabalhar em conjunto com entidades relevantes no combate à corrupção no país, sublinhando que esta é hoje generalizada e que só assim será possível resolver os problemas sociais da população.