Líder taiwanês avisa que a paz com a China não se alcança com um simples acordo

A paz entre China e Taiwan não se alcança "com um simples acordo", afirmou hoje o líder taiwanês, William Lai, após a eleição de uma nova líder no partido de oposição Kuomintang, favorável ao diálogo com Pequim.

Lusa /
Ritchie B. Tongo - EPA

Num discurso dirigido a representantes da diáspora taiwanesa, Lai defendeu que tanto ele como a sua antecessora, Tsai Ing-wen (2016-2024), apostaram em "reforçar a defesa nacional", uma vez que "a paz deve ser um ideal, mas não uma ilusão".

"A paz não pode ser obtida através de um simples acordo. Tampouco se pode alcançar a paz aceitando as propostas da China, como o chamado `Consenso de 1992` ou o princípio de `uma só China`", declarou, referindo-se ao entendimento tácito entre o KMT e o Partido Comunista Chinês (PCC), segundo o qual ambos reconhecem a existência de "uma só China", embora com interpretações distintas.

Lai recordou que durante o mandato do último Presidente do KMT, Ma Ying-jeou (2008-2016), o orçamento de Defesa da ilha foi reduzido, enquanto o da China "crescia a dois dígitos, expandindo o seu arsenal de mísseis, navios e porta-aviões, sem que houvesse qualquer `dividendo de paz`".

Nesse contexto, anunciou que o orçamento de Defesa de Taiwan passará de 2,5% para 3,32% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, com o objetivo de atingir 5% "antes de 2030".

"Isso não apenas reforça a segurança, como também impulsiona a indústria e a economia através da autonomia em matéria de defesa", apontou o chefe de Estado, acrescentando que, graças ao "sólido tecido industrial", Taiwan está "bem posicionada" para se tornar "uma peça-chave do futuro ecossistema global de defesa".

As declarações surgem dois dias após a eleição de Cheng Li-wun como nova presidente do KMT. Ex-porta-voz do Governo (2012-2014) e ex-deputada, Cheng venceu as primárias do partido com 50,15% dos votos, contra 35,85% do ex-presidente da câmara de Taipé, Hau Lung-bin.

Cheng prometeu transformar o KMT de um "rebanho de ovelhas numa alcateia de leões" e afirmou hoje estar disponível para se reunir com o Presidente chinês, Xi Jinping, que no domingo manifestou a expectativa de que o KMT e o PCC "reforcem a sua base política comum" para "avançar rumo à `reunificação` nacional".

 

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