Líderes internacionais destacam papel de Ieltsin no pós-Guerra Fria
O papel de Boris Ieltsin na luta pela democracia na Rússia foi destacado em várias reacções à sua morte, desde o secretário-geral da NATO aos chefes de governo do Reino Unido e da Alemanha.
Jaap de Hoop Scheffer, secretário-geral da Aliança Atlântica, saudou a contribuição do antigo presidente russo para a aproximação dos dois blocos há 10 anos após o final da Guerra Fria.
Ieltsin, que morreu segunda-feira aos 76 anos, "esteve na primeira linha para ultrapassar a herança da Guerra Fria forjando uma nova relação entre a Rússia e a Aliança do Atlântico norte", declarou Hoop de Scheffer numa mensagem de condolências à família do ex-chefe de Estado e ao povo russo.
O primeiro presidente da Federação Russa assinou em Maio de 1997, durante uma cimeira NATO-Rússia em Paris, o documento de cooperação e segurança mútuas entre a Federação russa e a Aliança Atlântica, criada em 1949 pelos ocidentais para fazer frente à ameaça militar soviética.
Para o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, Ieltsin foi um "homem notável" que desempenhou um "papel vital num momento crucial" da história da Rússia.
"Foi um homem notável que viu a necessidade da reforma democrática e económica e que, ao defendê-la, desempenhou um papel vital num momento crucial", assinalou Blair num comunicado, em que expressou "tristeza" pela notícia da morte de Ieltsin.
A chanceler alemã, Ângela Merkel, classificou o ex-presidente russo de "lutador pela democracia e liberdade" e destacou a sua contribuição para as relações bilaterais.
"A sua contribuição para o desenvolvimento das relações entre ambos os países não será esquecida", escreveu Merkel numa mensagem de condolências enviada ao presidente russo, Vladimir Putin, e aos familiares de Ieltsin.
O ex-chefe de Estado russo foi "uma grande personalidade da política russa e internacional" que ganhou "um lugar de honra na memória da Alemanha", adiantou a chanceler.
Também os predecessores de Merkel, o conservador Helmut Kohl e o social-democrata Gerhard Schroeder, elogiaram a figura de Ieltsin como "amigo da Alemanha" e valorizaram o seu papel nas relações bilaterais.
Ieltsin foi "um grande homem de Estado" e um "amigo fiel da Alemanha", cuja "contribuição para as relações germano-russas e para a paz mundial não foi suficientemente valorizado", afirmou Kohl, que considerou "amigo pessoal" o político que hoje morreu.
Com a morte de Ieltsin a Alemanha "perde um grande amigo", assinalou Schroeder, destacando o seu papel no "desenvolvimento pacífico das relações bilaterais", com o fim do Pacto de Varsóvia.
O presidente francês, Jacques Chirac, elogiou, por seu turno, a "tenacidade e o sentido político" do ex-chefe de Estado russo, qualidades que na sua opinião Ieltsin pôs ao serviço da democracia.
Na mensagem enviada à viúva de Ieltsin, Chirac expressa a sua "profunda emoção" e realça a "coragem" demonstrada para "fazer triunfar a liberdade e pôr a Rússia na via da democracia", enquanto na missiva destinada a Putin destaca que Ieltsin se esforçou por "restabelecer os direitos humanos, reconstruir a economia e transformar a Rússia num Estado democrático moderno, vinculado à paz".
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Miguel Angel Moratinos, o antigo presidente Ieltsin "marcou a história recente da Rússia".
"Sem dúvida que se trata de uma personalidade que marcou a história recente da Rússia", realçou Moratinos, destacando o papel de Ieltsin na definição do futuro da Rússia e do conjunto da antiga União Soviética e nas suas relações com a União Europeia.
"Será conhecido e recordado por isso", considerou o chefe da diplomacia espanhola.
O primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, destacou também o papel de Ieltsin na aproximação entre os dois países e "especialmente o seu contributo para a aproximação mútua entre a Rússia e a Europa.
Numa carta enviada a Putin, o chefe do governo do Luxemburgo recordou que Ieltsin liderou o país numa época "difícil e plena de mudanças políticas e económicas profundas".
Para o presidente da Assembleia parlamentar do Conselho da Europa, René van der Linden, o ex-presidente russo morto hoje será recordado como "o símbolo da irreversibilidade da transição para a democracia na Rússia", bem como o homem que conduziu a Federação Russa "à família europeia de valores comuns, baseados na democracia, nos direitos humanos e no Estado de direito".
Destacou que durante a sua presidência Ieltsin instaurou uma moratória das execuções dos condenados à morte na Rússia.
O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, também exprimiu hoje as suas condolências ao governo russo pela morte de Ieltsin que qualificou de "amigo da África do Sul".
"O falecido presidente Ieltsin era um amigo da África do Sul, que reforçou as relações políticas, culturais e entre os dois povos", indica a mensagem enviada a Putin.