Líderes políticos sudaneses detidos e internet cortada em todo o país

por Mário Aleixo - RTP
A confusão está instalada depois do anúncio de que líderes políticos sudaneses tinham sido detidos D.R.

Homens não identificados detiveram líderes políticos sudaneses, na última madrugada, indicou uma fonte governamental à agência de notícias France-Presse (AFP).

As detenções acontecem após semanas de tensão entre as autoridades de transição civil e militar.

A internet foi cortada em todo o país, enquanto manifestantes se concentravam nas ruas da capital, Cartum para protestaram contra as detenções.

Milhares de pessoas saíram às ruas da capital do Sudão, Cartum, pedindo um governo totalmente civil, depois de as relações entre os generais militares e a sociedade civil se terem deteriorado nas últimas semanas.

O Sudão tem sido governado por um executivo interino misto, que conta com civis e militares, desde 2019, depois do afastamento do então presidente, Omar al-Bashir, que foi o culminar de quatro meses de protestos.

Desde aí, as consequências têm sido voláteis. Há poucos dias, um outro grupo mobilizou-se em apoio aos líderes militares, tendo o protesto de hoje sido uma resposta.

"Vamos marcar, com os nossos protestos, uma nova onda de revolta popular que vai abrir caminho para uma liderança totalmente civil e democrática", refere uma declaração da Associação de Profissionais Sudaneses, grupo que liderou a revolta que se iniciou em dezembro de 2018 e que pediu grandes manifestações para os últimos dias, citada pela agência Associated Press (AP).

Milhares de homens e mulheres responderam ao apelo da associação e marcharam pela capital, agitando a bandeira sudanesa e entoando cânticos de liberdade e revolução.

As tensões entre militares e civis intensificaram-se depois de as autoridades interinas terem dito que frustraram uma tentativa de golpe de Estado dentro das Forças Armadas - tendo acusado al-Bashir de ser leal à tentativa de golpe.

O anúncio das autoridades despertou também, entre os civis, o receio de que os militares pudessem sequestrar a transição do país para um regime democrático civil.

Na semana passada, o primeiro-ministro sudanês, Abdallah Hamdok, admitiu que o país está a atravessar uma das piores crises políticas desde o início do período de transição democrática.

c/agências
pub