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Loro Piana alvo da justiça italiana por exploração laboral
A marca de luxo Loro Piana, propriedade do grupo francês LVMH, é acusada de ter fechado os olhos "por negligência" às condições de trabalho dos operários subcontratados para fabricar as suas coleções, de acordo com as autoridades italianas. Algumas das mais prestigiadas marcas de luxo, como a Armani, já estiveram sob investigação da justiça italiana em casos semelhantes.
A Loro Piana foi colocada sob "administração judicial" durante um ano por ter "facilitado por negligência" a exploração de trabalhadores subcontratados, devido a uma "falta generalizada de modelos organizacionais e a um sistema de auditoria interna deficiente", de acordo com os juízes do Tribunal de Milão.
A justiça italiana descarta que a empresa tenha explorado diretamente ou tido conhecimento seguro da situação, mas que tenha facilitado por negligência a exploração de trabalhadores chineses a jusante "da sua cadeia de produção" entre empresas contratantes e subcontratadas, em fábricas fechadas pelas autoridades italianas de Inspecção e Fiscalização do Trabalho.
"Reduzir custos, maximizar lucros
Num dos casos, um indivíduo chinês foi detido em flagrante delito por "caporalato" a 13 de maio de 2025, segundo o Corriere della Serra. O termo italiano caporalato refere-se a uma forma ilegal de recrutamento e organização da mão-de-obra, frequentemente associada a exploração e a condições precárias, especialmente na agricultura.
De acordo com o coletivo de juízes, a Loro Piana utilizava um mecanismo destinado à "redução de custos e maximização dos lucros através da evasão das normas penais e laborais", confiando a confeção das suas coleções a uma empresa sem qualquer capacidade produtiva, que por sua vez recorria a fábricas que empregavam trabalhadores chineses em Itália para reduzir os custos.
"Abaixo do mínimo ético"
A investigação que começou em maio do ano passado, após a queixa de um trabalhador chinês espancado por reclamar o pagamento dos salários em atraso, permitiu desvendar os abusos praticados nestas fábricas: trabalhadores explorados em situação irregular, sem acesso a pausas, férias ou seguro de saúde, alojados em "dormitórios construídos ilegalmente e em condições higiénicas e sanitárias abaixo do mínimo ético".
Dois cidadãos chineses proprietários de fábricas foram levados à justiça
por exploração de mão-de-obra, bem como dois italianos por violação das
normas de saúde e segurança no local de trabalho. Sete trabalhadores
sem título de residência também foram levados à justiça.
O Tribunal de Milão aplicou ainda multas no valor de mais de 181 000 euros e sanções administrativas de mais de 59 750
euros. Além disso, as atividades de duas fábricas chinesas foram
suspensas "por graves violações em matéria de segurança e recurso ao
trabalho ilegal".
A empresa de alta costura foi comprada em 2013 pela multinacional francesa LVMH - Louis Vuitton, Moët&Chandon e Hennessy por dois mil milhões de euros e é atualmente presidida pelo filho do magnata francês Bernard Arnault, Antoine Arnault, proprietário de 80% da empresa.
Contactadas pela Agência France Presse (AFP), nem a Loro Piana nem a LVMH reagiram até ao momento.
com agências