Lua, 50 anos. Em órbita lunar

A Lua apresentava-se agora, ao olhar, maior do que uma bola de basquetebol. As duas pequenas naves da missão Apollo 11 [MCS e ML], já fora de contacto com a Terra, tinham entrado na designada captura gravitacional lunar. E com a lua cada vez mais à mão, os três astronautas norte-americanos teriam de voltar a ligar os motores e realizar a primeira manobra de inserção da órbita lunar.

A viagem, essa, decorria sem sobressaltos. Até a queima de correção da trajetória tinha sido cancelada.


Os astronautas, à hora de Houston, (67h28m) ainda estavam a dormir, mas tudo estava a ser monitorizado. A pressão da cabine espacial estava agora a 4,7 libras por polegada quadrada [32,4 kPa]; a temperatura era de 60 graus Fahrenheit [16° Celsius].

Se um relógio mostrava o somatório desde a partida, outro, ao lado, contava de forma decrescente a chegada ao satélite natural da Terra: faltavam, nas contas da missão de controlo Apollo, 35 horas e 17 minutos para a primeira alunagem na história do Homem.
Acordar com a Lua no horizonte
A tripulação deveria ser despertada às 71 horas (contagem desde a partida da Terra). O CapCom é agora Bruce McCandless.

A Apollo 11 apresenta-se a 23.124 quilómetros da Lua, aproximando-se a uma velocidade de 1.246 metros por segundo. McCandless dá ordem para acordar os três astronautas a bordo do Módulo de Comando Columbia.

PAO: Estamos a fazer a chamada para a tripulação agora.
McCandless: Apollo 11, Apollo 11, daqui Houston. Terminado.
Aldrin: Bom dia novamente, Houston. Apollo 11.

Buzz Aldrin acorda duas horas antes, sabendo que poderia haver necessidade de uma correção na trajetória, mas do Controlo em Terra informaram-no que não é necessário e mandam-no dormir mais um par de horas.

McCandless: Roger 11. Bom dia. [Pausa.] Quando tu...
Aldrin: Gostarias que fizesse a purga do O2 [Oxigénio] agora de manhã?
McCandless: Sim, de facto. Purga de célula de combustível O2 às 71 horas e, quando puderes copiar, tenho uma atualização do Plano de Voo contendo – algumas coisas para ti, acho eu.
Aldrin: Ok. Aguarda.
(Interrupção de comunicação)
Aldrin: Houston, Apollo 11. Continua então com a atualização do Plano de Voo.
McCandless: Entendido, 11. Aqui é Houston.

Os astronautas (de acordo com o registo áudio) tinham de efetuar durante a próxima hora várias purgas e mudanças de filtros no sistema de ventilação e suporte de vida (ar respirável).

No plano de voo também estava incluído um reajustamento da antena de alto ganho para melhorar as comunicações com a Terra. Ordens que Buzz Aldrin copiou, informando que iriam dar início ao processo enquanto comiam o pequeno-almoço.

Aldrin: Ok. (tempo decorrido: 071:09:08) Vamos começar a purgar a célula de combustível enquanto comemos. Mudança do recipiente de CO2 número 6; verificação do fluxo do radiador secundário; copia alguns PADs. Às 72 horas, parar o PTC 0 (Controlo Termico Passivo). Às 73; realizar um P52 opção 3; nós vamos ter o teu Uplink REFSMMAT (novas referências/coordenadas) para o local de pouso; e - e em 000 graus, agora era isso com o antigo REFSMMAT ou o novo REFSMMAT?
McCandless: Isto é com o...
Aldrin: [Garble] antena e pitch.
McCandless: Isto é com o novo REFSMMAT, Buzz.
Aldrin: Ok. Tu queres o P52 feito nessa atitude com o novo REFSMMAT?
McCandless: Entendido.
Interrupção da comunicação.


Entre as várias órbitas lunares que Armstrong, Aldrin e Collins tiveram de realizar em torno da Lua, os astronautas aproveitaram o lado oculto do satélite natural pela luz solar, para tirar fotos à coroa solar. Das 44 fotos registadas, apenas seis tinham algo para mostrar, como se pode ver nesta foto composição.

Fotos: Imagens captadas da coroa solar, a bordo do MC, durante a missão Apollo 11, em órbita lunar. Créditos: NASA/DR

Lua com humor e publicidade

O feito de ir à Lua não escapava aos que aqui em baixo tinham todas as oportunidades de fazer algum dinheiro, mas também dar alguma graça a esta expedição científica. Humor que se pode testemunhar na galeria de imagens que se segue:

O feito de ira à lua não escapava aos que aqui em baixo poderiam e teriam todas as oportunidades de dar alguma graça a esta expedição científica do "outro mundo". Humor retratado com ironia e simpatia, na imprensa diária (1969) que se pode apreciar nesta galeria de imagens que preparamos para si. Cortesia da Biblioteca Nacional Portuguesa - Todos os direitos reservados.



A Lua e a publicidade

Os relacionamentos entre os assuntos terrestres e lunares confundiam-se por cá e muitos aproveitaram esta viagem de forma a tirar mesmo algum partido, ainda que indireto.

A publicidade era um dos estratagemas, inteligentes, que serviam de promoção para determinados produtos. Houve de tudo um pouco.

A promoção das televisões subiu em flecha: companhias de seguros que ofereciam mares de “tranquilidade”, a confiança da hora certa com os relógios iguais aos dos astronautas, a técnica utilizada na borracha das botas igual à dos pneus dos carros, farinhas alimentares e, não menos importante, a marca que cozeu de forma inviolável os fatos que Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins levariam para a Lua.

Os relacionamentos entre os assuntos terrestres e os lunares confundiam-se por cá, e muitos aproveitaram esta viagem de forma a tirar mesmo algum partido, ainda que fosse de forma indireta. A publicidade foi um dos estratagemas, inteligentes, que serviam de promoção para determinados produtos, e houve um pouco de tudo.



A máquina de costura que cozeu os fatos espaciais

Era completamente impossível colocar um ser humano na Lua sem que estivessem devidamente asseguradas a sustentabilidade e segurança da vida. Por isso teve de ser criado um fato espacial ainda mais robusto do que os utilizados nos passeios extraveiculares, em órbita terreste.

Desta forma, os primeiros humanos a descerem à Lua teriam de utilizar fatos espaciais avaliados, então, em cem mil dólares (2850 contos) e que conseguissem realizar todas as condições para proteger um astronauta em ambiente nunca antes testado.

Com efeito, o fato lunar tinha de ser uma autêntica câmara móvel, fornecendo ao astronauta atmosfera respirável e pressão adequada, protegendo-o contra temperaturas e eventuais bombardeamentos de meteoritos, ao mesmo tempo que lhes permitia a comunicação com o Módulo Lunar e a Terra, a mais de 400 mil quilómetros.

Ora, construir algo assim exigia regras muito rígidas e material extremamente delicado. Mas para se construir um fato tem de haver uma montagem de várias peças e juntá-las (cozer) sem que existam buracos. Algo que tem de ser impossível num ambiente sem atmosfera como a Lua.

Embora existessem já fatos espaciais, estes tinham de ser os melhores. A Singer Corporation, uma fábrica norte-americana de máquinas de costura, juntou-se à parceria com a NASA.

O fato de 27 quilos - fora equipamento adicional - tinha de cumprir requisitos muito especiais. Costuras perfeitas e rigorosamente seladas num tecido feito à base de nylon, entrelaçado, criando uma rede de pequenos tubos por onde circulava água, que entraria através das válvulas do fato.

Este fato espacial teria ainda de possuir vários bolsos para transportar e guardar diversos aparelhos que os astronautas utilizariam na superfície lunar, entre os quais um medidor de radiações, duas canetas, tesouras e duas listas de comandos e diversos dados.

Fato espacial que Neil Armstrong usou na Lua - Créditos NASA/DR

Teria ainda de suportar, na parte traseira, um módulo retangular, fabricado em fibra de vidro com 67 centímetros de altura, 71 de largura e 28 de grossura, um pequeno mas importante contentor, estanque, que transportaria oxigénio, água para a refrigeração, sistemas elétricos e comunicações. O sistema daria ao astronauta uma autonomia de quatro horas.

O fato espacial apenas seria apenas utilizado durante o lançamento, nas manobras de descida à Lua e na exploração no solo.

In jornal O Século  (17 de julho de 1969) - Cortesia BNP

Na estrutura da Singer existiam 15 companhias subsidiárias que ajudaram na conceção de diversos equipamentos das várias missões Apollo, incluindo a número 11. Muito antes desta missão lunar, os astronautas treinaram repetidamente em simuladores realísticos dos módulos fornecidos pela divisão Link, da Singer.

Um departamento também responsável pela manutenção e pela iluminação do complexo de lançamento da plataforma 39A, onde iria decorrer a partida do Saturno V, com uma bateria de 50 holofotes Xenon-bulb fabricados pela empresa Strong Electric Corporation, que pertencia ao grupo Singer.

Mas há mais. Os principais segmentos propulsores do módulo Apollo continham componentes ou sistemas de alta precisão concebidos e fabricados pelo grupo Kearfott, da Singer, designadamente sistemas de iluminação e um computador que estabelecia a altitude do Módulo Lunar na altura do “mergulho” em direção à Lua.
Viagem à Lua: perguntas e respostas
Partida: 16 de julho de 1969
Chegada: 21 de julho de 1969
Até 1972, a NASA voltou por quatro vezes à Lua.

Quanto tempo demora a viagem até à Lua?
São precisos três dias para uma nave espacial chegar à Lua. Durante esse tempo, uma nave percorre pelo menos 386.400 quilómetros, que é a distância entre a Terra e a Lua. A distância exata depende da rota escolhida.

A que velocidade seguiu a Apollo 11 para a Lua?

A velocidade necessária para a Apollo 11 se libertar do campo gravitacional da Terra foi de cerca de 11 quilómetros por segundo. A Apollo 10, a nave espacial que serviu de teste para a viagem lunar e que só orbitou a Lua, em 1969, ainda detém o recorde da maior velocidade atingida por um veículo tripulado: 11,08 quilómetros por segundo (24.791 km/h).

Por quanto tempo Neil Armstrong e Edwin Aldrin ficaram na Lua?
Armstrong e Aldrin passaram 21 horas e 36 minutos na superfície da Lua.

Por que razão Michael Collins, um dos três tripulantes da Apollo 11, não foi à Lua?

Michael Collins, na Apollo 11, teve como missão pilotar o (MC) Módulo de Comando que serviu de suporte de transporte do ML (Módulo Lunar) e que depois trouxe os astronautas à Terra. Durante a missão em que Armstrong e Aldrin desceram à Lua, Collins permaneceu sozinho em órbita do satélite natural da Terra, aguardando os colegas.

Como é que os astronautas saíram da Lua?
A metade superior do ML tinha um motor próprio de combustão, que foi acionado para levar os astronautas (Armstrong e Aldrin) de volta à órbita lunar, no Módulo de Comando. No momento da alunagem, a Lua encontrava-se na fase decrescente, vista da Terra, auxiliando, através das sombras, os astronautas a identificar pontos de referência.

Consegue ver-se a bandeira norte-americana na Lua com um telescópio?
A resposta é afirmativa, caso a observação seja feita através de um telescópio com uma capacidade gigantesca, como por exemplo o Telescópio Espacial Hubble. Com um espelho de apenas 2,4 metros de diâmetro,o Hubble, se redirecionado para o local onde foi “espetada” a bandeira, torna tal observação possível, mas dependerá sempre do ângulo. Já o rover lunar (que tem um comprimento de 3,1 metros) poderá ser visto com maior facilidade. Quanto a pegadas, elas estão lá ainda bem impressas na superfície, mas impossíveis de ver através de um telescópio, mesmo pelo Hubble.

Quanto tempo demoramos a chegar ao espaço?
A cerca de 5632 Km/h, o anterior projeto espacial norte-americano Space Shuttle viajava aproximadamente 1,6 quilómetros por segundo. Isso significa que bastava apenas 32 segundos para se atingir uma altitude de 100 quilómetros. Se for tida em conta a aceleração, leva-se aproximadamente 150 segundos para sair da atmosfera terrestre com este tipo de veículo.

Quantas bandeiras há na Lua?
Existem apenas seis bandeiras na superfície da Lua e são todas norte-americanas (Apollo 11, 12, 14, 15, 16 e 17). Este número diz apenas respeito às bandeiras que foram levadas pelos astronautas e não estão contabilizadas todas as outras que seguiram impressas nas sondas lunares. Se contarmos com estas, o número sobe consideravelmente e teríamos de juntar as bandeiras da antiga URSS, atual Federação Russa, Índia, China e a mais recente - Israel.

Ainda há materiais levados pelos astronautas ativos na Lua?
Os únicos objetos artificiais na Lua deixados que ainda estão em uso são os retrorrefletores (espelhos) que servem para refletir os lasers emitidos da Terra. Foram lá deixados pelos astronautas da Apollo 11, 14 e 15 e pelas missões Lunokhod 1 e Lunokhod 2.

Notícias da Terra para a Lua
O momento de colocar a nave espacial em órbita lunar final aproximava-se a passos largos, mas antes ainda havia tempo para informar os astronautas sobre o que se dizia, em casa, da grande aventura.

O CapCom de serviço era Bruce McCandless. Decorria a hora 72 e 29 minutos quando McCandless chama o Módulo de Comando Columbia.

McCandless: Apollo 11, daqui Houston. Se vocês tiverem um minuto ou mais livre, podemos ler as notícias da manhã aqui.
Armstrong: Vai em frente, vamos ouvir.
McCandless: Entendido. Ainda estão quentinhas das comunicações do Escritório de Relações Públicas do MSC, especialmente preparadas para a tripulação da Apollo 11.

McCandless pede apoio a Fred Haise, ao seu lado, na leitura das notícias.

Haise: Ok. Em primeiro lugar, parece que vai ser impossível fugir da notícia que de facto vocês estão a dominar todas as notícias aqui na Terra. Até mesmo o Pravda (jornal oficial do órgão do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética), na Rússia, está com a manchete da missão e chama a Neil o czar do navio. Eu acho que talvez eles tenham recebido a missão errada.

McCandless: A Alemanha Ocidental declarou a segunda-feira como sendo o Dia da Apolo. As crianças em idade escolar na Baviera receberam esse dia como folga. Os funcionários dos correios têm sido encorajados a trazer rádios para o trabalho e Frankfurt está a instalar aparelhos de televisão em locais públicos.

Haise: A BBC em Londres está a considerar um sistema especial de rádio e de alarme para chamar as pessoas para junto dos aparelhos de televisão, caso haja uma mudança no tempo das EVA [Atividades Extra Veiculares] na Lua.

McCandless: E em Itália o Papa Paulo VI organizou um circuito especial de TV a cores na sua residência de verão para assistir, embora a televisão italiana ainda seja em preto e branco.

Ironicamente, a caminhada na Lua só seria transmitida a preto e branco, embora o sinal de TV da Apollo 11 fosse a cores.

Haise: De volta aqui a Houston, as três esposas e filhos reuniram-se para almoçar ontem na casa do Buzz. E de acordo com Pat acabou por ser uma festa de gabarito. As crianças nadaram e fizeram saltos sobre o poste de bambu do Buzz.

McCandless: Em Moscovo, o engenheiro espacial Anatol Koritsky foi citado pela TASS a informar que a Luna 15 (satélite russo que fora enviado a caminho da Lua dois dias antes da missão Apollo 11) poderia realizar tudo o que tinha sido feito pela nave Luna anterior. Isto foi interpretado pela imprensa como significando que a Luna 15 poderia investigar o campo gravitacional, fotografar a Lua e descer à superfície para recolher um pouco para análise.

Haise: Até mesmo as crianças do acampamento chegaram às notícias quando Mike Junior foi citado como respondendo sim, quando alguém perguntou se seu pai iria estar na história. Então depois de uma pequena pausa ele perguntou: O que é história?

Em Washington, o Presidente Nixon está a planear usar o poder executivo para simplificar a Comissão de Comércio Interestadual. De acordo com as fontes da indústria, foi relatado que Nixon reduziria a comissão de 11 para sete membros por não fazer novas nomeações.


Depois da política, o desporto.

McCandless: E a grande notícia em torno de Houston hoje diz respeito aos Astros. No mundo do desporto, os Astros de Houston juntaram-se na nona entrada em Cincinnati para despejar os Reds 7 a 4. Entrando na nona, porém, as coisas pareciam bastante sombrias: os Astros estavam a perder por 4 a 3. Depois, com um fora, Jesus Alou acariciou um único campo para a direita. John Edwards acertou outro single para a direita, e Sandy Valdespino acertou um duplo para trazer a corrida de empatar. Julio Gotay foi andado e Joe Morgan deixou cair uma bola para a jogada vencedora do jogo. Um arremesso selvagem para o prato permitiu outra corrida e marcar, depois um lançamento de Dennis Menke levou a partida  terminou. Eles vieram através do nono.

Haise: E outros jogos na Liga Nacional....

Collins: Sim. Aqueles Astros têm realmente apanhado aqueles lançamentos desde que eles colocaram um teto no estádio.

Haise: Bom trabalho.

Haise: Em outros jogos da Liga Nacional, Nova Iorque venceu Montreal por 5 a 2; Pittsburgh venceu St. Louis 4 a 1; e Atlanta sobre San Diego no primeiro jogo de cabeça dupla, de 6-2.

McCandless: Na Liga Americana, Detroit bateu Cleveland por 4 a 0; Nova Iorque derrotou Washington por 5 a 0; Baltimore por 6 corridas aos Orioles por 2; e Chicago bateu Kansas City por 6 a 1.

Haise: Ok. No mundo do golfe, Tommy Jacobs, um competidor pouco frequente nos últimos anos, assumiu a liderança no Philadelphia Golf Classic ontem. A pontuação na segunda ronda foi de 139.

McCandless: Também podes estar interessado em saber, já que está no caminho, que uma astróloga de Houston, Ruby Graham, diz que todos os sinais estão certos para a viagem à Lua. Ela diz que Neil é esperto, Mike tem bom senso e Buzz pode resolver problemas complexos. Ela também diz que Neil tende a ver o mundo através de óculos cor-de-rosa, mas ele está sempre pronto para ajudar os aflitos ou angustiados. Neil, também é suposto teres, cito, intuição que te permite interpretar a vida com sentimento, fim de citação. Buzz deve ser muito sociável e não pode suportar ficar sozinho além de ter excelente capacidade crítica. Como ela não sabia a que hora Mike nasceu, decidiu que ele ou tem os mesmos atributos de Neil ou é inventivo com uma atitude não convencional, que pode parecer excêntrica, para o inimaginável.

Haise: E por último, mas não....

Collins: Quem disse tudo isso?

McCandless: [Risos] Ruby Graham, uma astróloga aqui em Houston. Agora nós verificámos com as Operações de Voo todos os sinais para a missão e então nós, é claro, tivemos que ter certeza de que tudo estava realmente pronto. (…) E são 30 por hoje. Acabou.

Armstrong: Muito obrigado, Bruce e Fred Show, agradecemos isso.

Depois das notícias, era tempo de dar atenção à missão. E colocar a nave espacial em órbita lunar.

Em órbita
O relógio marcava 72 horas, 48 minutos e 58 segundos quando os astronautas da missão Apollo 11 (Armstrong, Aldrin e Collins) começaram a efetuar a manobra final que permitiria colocar os módulos (MCS e ML) em órbita lunar.

Em Houston, no controlo da missão, o CapCom Bruce McCandless acompanhava os trabalhos dos três homens a bordo do Módulo de Comando Columbia.

McCandless: Apollo 11, Houston. Se for conveniente para ti, temos um PAD LOI-1 que podemos passar agora. Terminado.
Armstrong: Aguarda. Pausa.
Collins: Houston, Apollo 11. Da próxima vez que passarmos pela rotação 0, vamos parar a PTC e isso dá-nos 90 graus de inclinação. Agora, entendo que queres que nos movamos de 90 graus de inclinação para 0 graus de inclinação para o alinhamento da plataforma, opção 1. É isso?
(Pausa longa)
McCandless: Espera, por favor.
Armstrong: E estamos prontos para copiar no LOI-1.
(Pausa longa)
McCandless: Apollo 11, daqui Houston. Quando parares na rotação 0, estarás aproximadamente em 90 pitch, 0 yaw, e 0 de rotação. Gostaríamos que rodasses o primeiro P52, ou seja, o P52 opção 3, a partir dessa atitude. Depois, vamos ligar-lhe um novo REFSMMAT, antes ou enquanto estiver a manobrar para 000, depois podes ligar a plataforma ao torque e executar o segundo REFSMMAT. Terminado. Execute o segundo P52. Câmbio.
Collins: Ok.
McCandless: E eu copiei que estás pronto para o LOI-1 PAD. Terminado.
Armstrong: Prossegue.

Tudo o que era descrito ao pormenor tinha sido testado na missão anterior (Apollo 10), que realizou todos os procedimentos mas não efetuou a alunagem. 

Imagem captada em órbita lunar com o planeta Terra em fundo. Créditos: NASA/DR

McCandless: LOI-1, SPS/G&N: 62710, mais 0.98, menos 0.19, ignição GET 075:49:49.65; menos 2889.7, menos 0394.4, menos 0068.6; rotação 358, pitch 226, 347; 0169.2, mais 00610; 2917.3, 6:02, 2910.8; estrela sextante 31, 1066, 358. O restante do PAD é NA. GDC alinhado, Vega e Denebe (estrelas), 243, 183, 012. Sem ullage. O horizonte será visível logo abaixo da borda superior da janela da escotilha dois minutos antes da queima (ignição de ajuste) do LOI. Ele (horizonte) não será visível na janela de encontro do lado esquerdo. Perda em 75 horas, 41 minutos, 23 segundos. AOS às 76:15:29. AOS sem o LOI queimar, 76:05:30. Os valores que você veria no Noun 42 antes da queima de LOI são HA, mais 431.3; HP, menos 128.2. Leia de volta, câmbio.

Armstrong: Entendido. LOI-1, SPS/G&N: 62710, mais 0.98, menos 0.19; 075:49:49.65; menos 2889.7, menos 0394.4, menos 0068.6; 358, 226, 347; 0169.2, mais 0061.0; 2917.3, 6:02, 2910.8; 31, 106.6, 35.8. GDC alinhado, Vega e Denebe, 243, 183, 012. Sem ullage. Horizonte na janela da escotilha dois minutos antes do TIG. AOS com um LOI, 76:15:29; AOS sem um LOI, 76:05:30. HA antes da queima, 431.3; HP, menos 128.2. Diga novamente LOS tempo.

Três horas depois, a tripulação da Apollo 11 dava ordem de um primeiro disparo do propulsor na retaguarda do SPS por 357,5 segundos, colocando a nave numa órbita inicial elíptica-lunar de 69 por 190 milhas.

Apesar da manobra, ainda seria preciso uma segunda ignição por mais 17 segundos. O suficiente para colocar numa órbita lunar, também esta elíptica, de 62 por 70,5 milhas, altitude necessária para não sofrerem a forte captura da gravidade lunar e que visava o “rendez-vous” e ancoragem do ML após trabalhos na superfície.



Falta um dia para o Homem pisar a Lua (em atualização).