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Luisa Ortega diz que tem provas de corrupção contra Maduro

por RTP
Ueslei Marcelino - Reuters

A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega afirmou, em Brasília, ter "muitas provas" que implicam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e outros membros do regime do Caracas em casos de corrupção.

"Eu tenho muitas provas (...) que colocam em causa numerosos altos funcionários venezuelanos, incluindo o Presidente da República", declarou Luisa Ortega durante uma conferência de procuradores, que esta quarta-feira se iniciou em Brasília.

A ex-procuradora atribuiu a perseguição política que sofre na Venezuela às suas investigações sobre a corrupção da construtora brasileira Odebrecht no seu país envolvendo altos dirigentes do 'chavismo'.

"Tenho provas no caso Odebrecht que comprometem Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez, e outros", afirmou Luisa Ortega, referindo-se a importantes figuras do regime venezuelano.Luísa Ortega Díaz já havia dito publicamente que ela e outros membros do Ministério Público foram perseguidos pelo Governo de Nicolás Maduro quando tentaram levar adiante investigações de corrupção na Venezuela.

"O que está a acontecer na Venezuela é a morte do Direito. A estabilidade da região está em perigo", frisou a ex-procuradora-geral.

A pior parte é que tudo está relacionado com a corrupção. O que está a acontecer comigo é por uma série de denúncias que fiz", declarou Luisa Ortega na abertura da XXII Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul (REMPM), tendo sido tratada como "procuradora-geral legítima" da Venezuela.

A ex-procuradora-geral fugiu com o marido da Venezuela na sexta-feira. Maduro vai pedir detenção
Na terça-feira, o Presidente Nicolás Maduro disse que a Venezuela vai pedir à Interpol a detenção da ex-procuradora geral Luísa Ortega Díaz e do marido, Germán Ferrer, por terem fugido à justiça e por alegadamente integrarem uma rede de extorsão e corrupção com os Estados Unidos para prejudicar a Venezuela.

Em março deste ano, Luisa Ortega denunciou como ilegais duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) venezuelano. Uma a limitar a imunidade parlamentar e a segunda em que o STJ assumia as funções do parlamento, no qual a oposição detém a maioria desde as eleições de janeiro de 2016.

"Temos que recuperar a democracia na Venezuela, sem ter autoridades ligadas à corrupção", afirmou ainda Luisa Ortega.

A ex-procuradora, que foi destituída do cargo a 5 de agosto pela Assembleia Constituinte eleita a 30 de julho, disse que "não há garantia de justiça na Venezuela", já que o quer o regime de Maduro é a impunidade nos casos de corrupção.

Luisa Ortega disse também que foi substituída no cargo de procuradora-geral por uma pessoa, Tarek Saab, contra a qual existem seis investigações de corrupção.“Violação institucional”
O procurador-geral brasileiro, Rodrigo Janot, declarou na mesma reunião dos procuradores do Mercosul que a remoção de Luisa Ortega do seu cargo na Venezuela foi uma "violação institucional" e que isto corroeu a independência do sistema de justiça venezuelano.

Rodrigo Janot afirmou que os problemas políticos enfrentados na Venezuela, que levaram à sua suspensão do Mercosul, "não só colocaram em risco a autonomia do Ministério Público venezuelano, como de fato a arruinaram".

"Sem independência, o MP do nosso vizinho ao norte não tem mais condições de defender os direitos fundamentais das vítimas e acusados, nem de conduzir com objetividade investigações criminais ou de atuar em juízo com isenção", avaliou.

As declarações do procurador brasileiro aconteceram na abertura da 22ª Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul (REMPM), realizada esta quarta-feira em Brasília.

C/Lusa
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