Lula da Silva admite candidatar-se novamente à Presidência
Brasília, 20 dez (Lusa ) - O Presidente Lula da Silva, que passará no próximo dia 1 o cargo para Dilma Rousseff, também do Partido dos Trabalhadores (PT), admitiu que poderá candidatar-se novamente ao Palácio do Planalto.
"Não posso dizer que não, porque sou vivo. Sou Presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária", respondeu Lula ao ser questionado sobre esta possibilidade num programa da RedeTV, transmitido na madrugada de hoje.
Lula ressaltou, entretanto, que o Brasil tem uma "gama de líderes extraordinários", entre eles Dilma Rousseff, que, na sua avaliação, "pode ser reeleita tranquilamente"
O atual Presidente, quem encerra oito anos do poder com mais de 80 por cento de popularidade, citou ainda outros nomes com potencial para ser candidato ao mais alto cargo do país, como os governadores Eduardo Campos, Jaques Wagner e Sérgio Cabral, nomeadamente dos estados de Pernambuco, Baía e Rio de Janeiro.
Na oposição, Lula da Silva destacou os nomes de Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, eleito senador pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e também do ex-governador de São Paulo, também do PSDB, José Serra, que perdeu as eleições de outubro último para Dilma Rousseff.
"O que não falta é candidato. É muito difícil dar qualquer palpite agora. Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom Governo e, quando chegar a hora certa, a gente vê o que vai acontecer", assinalou.
Lula negou já ter decidido o que vai fazer após passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff. "A primeira coisa que eu quero fazer é descansar. Quero tirar tudo da Presidência de dentro de mim. Preciso voltar a ser o Lula, voltar a ser um cidadão mais próximo da normalidade possível. Se deixo a Presidência dia 1, e dia 2 começo a dar palpite na política, eu vou estar tendo ingerência em coisa que eu não devo", afirmou.
Questionado sobre o maior escândalo que atingiu o seu Governo, o mensalão, de 2005, o Presidente cessante disse que, quando deixar a Presidência, vai "estudar um pouco o que aconteceu no período". Para Lula, não houve compra de apoio de parlamentares e sim uma "lambança eleitoral".
"Agora, passados cinco anos, de cabeça fria, vou reler a imprensa. Vou ver o que aconteceu em cada jornal, em cada revista, para que a gente possa remontar, [fazer] um juízo de valor do que aconteceu", referiu.
Ao ser perguntado sobre o que foi mais doloroso durante seu período na Presidência, Lula da Silva considerou ser a própria vida do Presidente.
"A vida de um Presidente é muito solitária. Nos oitos anos em que fiquei na Presidência, nunca fui a um jantar ou a uma festa de aniversário. Eu nunca saí, porque eu achava que ficava muito exposto, sobretudo num mundo onde o celular grava e tira fotografias. A minha vida era sair do Palácio do Planalto e voltar para casa", relatou.
Lula disse ainda ser "fã" do Presidente norte-americano, Barack Obama. "Ele só tinha que ter a ousadia que o povo americano teve votando nele. Recebeu uma herança maldita do governo Bush. O país quebrou. Como não tomou as atitudes nas horas certas, veio para as costas dele. Eu dizia para ele: 'Presidente Obama, se você não fizer as coisas na hora correcta, daqui um ano essa crise está nas tuas costas'. Porque a crise era do Bush", disse.