Lula da Silva oficializado como candidato do PT às eleições de Outubro
A convenção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou, em Brasília, por aclamação, a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
"Estou aqui para anunciar mais uma vez que sou candidato à Presidente da República", afirmou Lula da Silva em um discurso para as cerca de 4.000 pessoas que participaram a convenção do PT.
Será a quinta vez consecutiva que Lula da Silva disputa a Presidência do Brasil.
O vice-presidente, José Alencar, do inexpressivo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), também foi confirmado na lista de Lula da Silva, a mesma de 2002.
"Nos últimos três anos e meio foi demonstrado ao mundo que um trabalhador pode dirigir os destinos do Brasil", disse o presidente brasileiro.
Durante o seu discurso, Lula da Silva destacou os programas assistenciais de seu governo, como o Bolsa Família, e convidou seis beneficiários a subir ao palco.
"Nós não estamos fazendo esmola, estamos transferindo renda", argumentou.
Lula da Silva comparou também o seu governo aos oito anos da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e garantiu que actualmente "o Brasil está muito melhor".
O presidente citou índices da economia brasileira das duas gestões, como inflação, taxa de juros, reservas internacionais, dívida pública e dívida externa, mas ressaltou as conquistas sociais.
"Eu me sentiria frustrado se, nesta altura do meu governo, só pudesse mostrar bons indicadores macroeconómicos, sem que eles refletissem na melhoria da vida do cidadão comum", referiu.
Para um eventual segundo mandato, Lula Silva destacou como prioridades a educação, a necessidade de reduzir o gasto público e uma maior atenção à Previdência Social.
A segurança pública e a reforma política também foram temas destacados pelo ex-sindicalista.
Lula da Silva disse ainda que fará uma campanha limpa e que não cairá em provocações dos adversários, numa indicação de que pretende repetir o lema "paz e amor" da última campanha.
Embora as sondagens de opinião apontem que Lula da Silva pode vencer já na primeira volta das eleições, o presidente pediu aos integrantes do PT que não considerem a eleição ganha.
As últimas pesquisas indicam que o Presidente Lula detém 48 por cento das intenções de voto.
O seu principal adversário, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, que conta com o apoio do Partido da Frente Liberal (PFL), de direita, regista apenas 19 por cento das intenções de voto.
A campanha eleitoral começará oficialmente no dia 06 de Julho e os adversários de Lula da Silva contarão com um arsenal para tentar derrubar o seu favoritismo, devido aos escândalos de corrupção no seu governo.
A crise começou em Maio do ano passado e agravou-se um mês depois com as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson, que deram origem a uma das mais graves crises políticas brasileiras.
Jefferson revelou a existência de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional - o chamado "mensalão" - financiado pelo "saco azul" do PT, o que foi comprovado mais tarde pelas investigações das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e da Polícia Federal.
A crise arrastou-se por um ano, mas, curiosamente, o presidente Lula da Silva saiu ileso da série de escândalos que derrubaram toda a cúpula do PT e os ministros mais fortes do seu governo - José Dirceu, da Casa Civil, Antonio Palocci, das Finanças e Luiz Gushiken, secretário de Comunicação da Presidência.