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Lula da Silva pede pede inquérito à "desastrosa" operação policial no Rio de Janeiro

O Presidente brasileiro garante que a megaoperação policial contra o Comando Vermelho, a organização criminosa mais poderosa e antiga do Rio de Janeiro, "não tinha uma ordem de matança", mas de prisão, e que é necessário uma investigação para apurar eventuais falhas.

Sérgio Alexandre /
EPA

A dois dias da cimeira de líderes que antecede a Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP30 na cidade amazónica de Belém, o Chefe de Estado brasileiro, durante uma entrevista com seis agências internacionais, frisou que a decisão do juiz que autorizou a megaoperação era “uma ordem de prisão”.

“Não tinha uma ordem de matança”, sublinhou Lula da Silva, defendendo anecessidade de averiguar qualquer “tipo de falha ou se tem alguma coisa mais delicada da operação” que "algumas pessoas podem considerar um sucesso", mas que, "do ponto de vista da ação do Estado", Lula da Silva, citado pela Agência Lusa, qualifica de "desastrosa". 

Uma declaração que contrasta vivamente com as do governador do Rio de Janeiro e das forças de segurança desse estado ao celebrarem publicamente o "sucesso" da operação que, segundo estes, teve apenas quatro vítimas, os agentes que morreram durante a ação.

Ainda assim, o líder brasileiro enfatizou a importância do empenho por parte do Governo Federal e dos governos estaduais para “combater a fação [organizações criminosas] e a brutalidade que existe em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Brasil. Nós estamos trabalhando de forma muito forte para tentar fazer com que a sociedade possa viver em paz",  garantiu, recordando que na semana passada promulgou uma lei anti-fação que aumenta as penas de prisão para os membros destas organizações criminosas.

Ontem, o Supremo Tribunal Federal do Brasil ordenou ao Governo do Rio de Janeiro a “preservação e documentação” de todas as provas materiais relacionadas com a sangrenta operação policial nas favelas.

O juiz Alexandre de Moraes ordenou que o trabalho de preservação total da documentação dos elementos materiais – incluindo as peritagens e as cadeias de custódia - seja realizada de forma “rigorosa e integral” para garantir a transparência e a investigação dos factos pelo Ministério Público.

No dia 28 de outubro, os complexos de favelas da Penha e do Alemão, situados numa região onde vivem cerca de 200 mil pessoas, foram palco na terça-feira da operação policial mais letal já registada no Brasil. Nela morreram, pelo menos, 121 pessoas, sendo que a Defensoria Pública aponta para um total de 132 óbitos. Há ainda a registar mais de 130 detenções e a apreensão de cerca de uma centena de espingardas automáticas. 

Nos dias seguintes, manifestantes desfilaram no Rio de Janeiro com cartazes contra o "massacre policial" e pela demissão do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, rosto político da operação.

Protestos com a mesma motivação ocorreram em outras importantes cidades do país, como São Paulo, Brasília e Salvador, a exigir o fim da violência policial.


(Com agências)
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