Má vizinhança de propulsores espaciais leva a Congresso dos Estados Unidos a agir

O espetáculo dos lançadores espaciais deslumbra muitos dos que assistem e admiram estas tecnologias, mas nem todos. Existe também quem se queixe do "imenso" barulho provocado pelos propulsores deste equipamentos - principalmente, os que vivem nos arredores das bases.

Nuno Patrício - RTP /
Foto: Thom Baur - Reuters

A questão foi já levada ao Congresso norte-americano, tendo este aprovado um primeiro reconhecimento dos impactos do ruído provenientes dos lançamentos espaciais com efeitos negativos junto das comunidades próximas.

Um fator que se está a tornar problemático tanto para o setor aeroespacial quanto para as comunidades que hospedam tais atividades transformadoras.Silêncio no espaço e na Terra
Com o desenvolvimento da indústria em torno dos voos espaciais comerciais, é cada vez mais fácil e rápido produzir meios tecnológicos para atingir o espaço. Mas esta evolução deve, diz o Congresso norte-americano, acompanhar a salvaguarda da população, quer a nível físico, quer ambiental, e o ruído faz parte desta categoria.

Prova disso mesmo é o recente reconhecimento legislativo, por parte do Congresso, das perturbações perigosas e disruptivas que as comunidades de locais junto às bases de lançamento e aterragem enfrentam.O Congresso ressalva mesmo a necessidade crítica de equilíbrio e, além de reconhecer o problema, fornece uma base há muito esperada para abordar um desafio que pode minar o apoio público, bem como o crescimento geral da “florescente” indústria espacial privada.

A corrida espacial, impulsionada por empresas como a SpaceX, Blue Origin e Rocket Lab, tem transformado aos poucos a ficção científica em realidade, com um aproximar cada vez mais de missões lunares mais viáveis e sustentáveis, bem como futuramente, missões humanas a Marte.

Contudo, o crescimento dessa indústria traz impactos significativos às comunidades próximas aos locais de lançamento, como em Boca Chica, Texas.

Foto: Reuters

O ruído gerado pelos lançamentos espaciais, com níveis superiores a 125 decibéis em alguns casos, equivalentes ou superiores ao ruido de um avião, não é apenas uma questão ambiental. É também social e económica.
A exposição continuada a sons de 80 dB pode levar a lesões no ouvido interno, sendo que sons de 120 dB correspondem ao limiar da dor. Um avião produz uma intensidade sonora de 130 dB.

E junto a estes locais e bases as reclamações são cada vez maiores, com perturbações diárias e potenciais danos estruturais causados pelos estrondos sónicos.

A falta de regulamentação coesa sobre este tema amplifica os desafios, gerando resistência comunitária e ameaçando a sustentabilidade a longo prazo da exploração espacial.


Um problema que levou o Congresso norte-americano a reconhecer a urgência de uma resposta, delegando ao Departamento de Defesa (DoD) a responsabilidade de mitigar esses impactos.

Medidas proativas não só fortalecem a aceitação pública como garantem a competitividade dos EUA na corrida espacial global, essencial para a superioridade tecnológica e militar frente a países como China e Rússia.

Ignorar esses problemas pode levar a restrições locais sobre lançamentos, comprometendo os avanços estratégicos da indústria.
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