Macau quer facilitar acesso de alunos locais a universidades do Brasil
A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, O Lam, prometeu hoje trabalhar para facilitar o acesso de alunos locais a universidades do Brasil e de países de língua espanhola.
Durante o debate das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2026 na área dos Assuntos Sociais e Cultura, o deputado Kevin Ho King Lun defendeu o alargamento do reconhecimento mútuo dos exames finais do ensino secundário a "outras jurisdições, por exemplo países de língua espanhola".
O líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai, que tomou posse em dezembro de 2024, apontou o desenvolvimento das relações económicas e comerciais com os mercados de língua espanhola como uma prioridade.
Kevin Ho recordou no parlamento local, a Assembleia Legislativa, que Macau já assinou protocolos com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos de Portugal.
"Os estudantes podem pegar nesses resultados obtidos nos exames cá em Macau para aceder aos cursos universitários em Portugal", sublinhou Ho, acionista do grupo que detém o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a TSF.
O Lam respondeu de forma positiva a Kevin Ho, mas pediu paciência: "Vamos seguir este rumo para reforçar esse trabalho, por exemplo no Brasil e países hispânicos, mas isso não é fácil".
O reconhecimento mútuo dos resultados dos exames finais do ensino secundário poderia também facilitar o acesso às universidades de Macau por parte dos estudantes de países lusófonos.
O relatório das LAG aponta como prioridade para 2026 a criação da plataforma da marca `Estudar em Macau`, incluindo o lançamento de um programa de bolsas de estudo para estudantes do exterior que queiram prosseguir os estudos na região.
O objetivo é "reforçar a atratividade para alunos oriundos dos países de língua portuguesa e de países e regiões abrangidos pela iniciativa `Uma Faixa, Uma Rota`", refere o documento.
A iniciativa, anunciada pelo líder chinês, Xi Jinping, em 2013, envolve mais de 80 países -- incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste -- para desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias.
Por outro lado, O Lam disse que em 2026 a Direção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) vai abrir mais três mil vagas num programa de intercâmbio que traz estudantes da China continental a Macau.
A DSEDJ lançou, em cooperação com o Centro de Ciência e as instituições locais de ensino superior, programas de formação de curta duração e de certificação profissional, explicou a secretária.
O Instituto Cultural de Macau vai, no futuro, elaborar roteiros de investigação e visitas de estudo para atrair mais grupos de alunos vindos do interior da China, acrescentou O Lam.
Por outro lado, o diretor da DSEDJ, Kong Chi Meng, prometeu estudar sugestões para abrir o ensino primário e secundário a alunos da China continental, em resposta à redução da população escolar.
No entanto, Kong sublinhou que primeiro é preciso garantir que os estudantes do outro lado da fronteira possam usufruir das facilidades dadas aos alunos locais no acesso às universidades de Macau e do interior da China.
A taxa de natalidade em Macau terá sido em 2024 a mais baixa do mundo, de acordo com um relatório do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.