Macedónia do Norte elege pela primeira vez uma mulher em presidenciais

por Lusa

A conservadora Gordana Siljanovska-Davkova venceu hoje as eleições presidenciais na Macedónia do Norte e tornou-se na primeira mulher a exercer o cargo, com o apoio do partido nacionalista VMRO-DPMNE, que deverá liderar o futuro governo do país balcânico.

Siljanovska-Davkova, especialista em direito constitucional e professora jubilada, tinha 64,84% quando estavam contados 81,27% dos votos contra 29,29% do atual Presidente, o social-democrata Stevo Pendarovski, que já reconheceu a derrota.

"Existe uma mudança maior do que eleger uma mulher como presidente?", disse a candidata eleita aos seus apoiantes, prometendo estar "ao lado das mulheres neste grande passo em frente, um passo em direção a reformas".

O `slogan` da sua campanha eleitoral foi "Macedónia, orgulhosa novamente", inspirado no seu nome, Gordana, que em macedónio significa "orgulhoso".

A nova Presidente rejeita usar "Norte" no nome do Estado, que teve de mudar a designação em 2018 para levantar o veto da Grécia à sua entrada na NATO e na União Europeia (UE), com um acordo para ela inaceitável, bem como para muitos macedónios.

"Como cidadã, mas também se me tornar Presidente, nos meus eventos públicos nunca usarei `Norte`, apenas Macedónia", prometeu, referindo que se trata de "uma questão legal e politicamente ainda em aberto".

A eleita também contesta a condição da vizinha Bulgária de incluir a minoria búlgara no preâmbulo constitucional do país balcânico, independente desde 1991, a fim de levantar o bloqueio de Sófia ao processo de adesão de Skopje à UE.

Nascida há 70 anos em Ohrid, Gordana Siljanovska-Davkova formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Skopje e doutorou-se na Universidade de Ljubljana, na Eslovénia.

Na década de 1990, fez parte de um governo social-democrata como ministra independente sem pasta.

Na legislatura cessante, foi deputada independente no grupo parlamentar do VMRO-DPMNE.

Os nacionalistas conservadores deverão igualmente triunfar nas legislativas hoje realizadas, liderando a contagem com mais de 43% dos votos, contra apenas 14,8% da coligação liderada pelos sociais-democratas, que detêm o poder há pelo menos sete anos, e pouco à frente de um grupo de formações encabeçado pelo partido minoritário étnico albanês DUI.

O VMRO-DPMNE deverá beneficiar do descontentamento popular relativamente ao lento caminho do país rumo à adesão à UE, ao desempenho da economia e à corrupção.

Na capital houve celebrações, mas foram silenciadas por uma tempestade que causou cortes de energia, segundo a agência Associated Press.

A provável vitória esmagadora dos conservadores deverá ser seguida por complexas negociações de partilha de poder para o controlo do parlamento de 120 lugares.

Mas o líder social-democrata, Dimitar Kovachevski, que foi primeiro-ministro desde 2022 até ao início deste ano, já admitiu a derrota do seu partido e anunciou que renunciaria ao cargo.

O líder do VMRO-DPMNE, Hristijan Mickoski, encabeçou uma coligação de 22 partidos chamada "A Sua Macedónia", que acusou os adversários de inépcia e de fazerem compromissos humilhantes na tentativa de resolver disputas com os países vizinhos.

A Macedónia do Norte, membro da NATO, é candidata à adesão à UE desde 2005, mas foi bloqueada por sucessivas disputas com os vizinhos Grécia e Bulgária, bem como pelo lento progresso em algumas reformas exigidas por Bruxelas para o processo de integração.

Mais de 2.300 observadores nacionais e internacionais foram autorizados a monitorizar as eleições.

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