Maduro pede “lealdade absoluta” aos militares, Guaidó apela a “rebelião pacífica”

por RTP
Num discurso ao país a partir do Palácio Presidencial Miraflores, transmitido por todas as televisões e rádios, Maduro considerou que a operação desencadeada pela oposição venezuelana se tratou de “um golpe”. Reuters

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apelou nas últimas horas às Forças Armadas do país para que mantenham “lealdade absoluta”, isto depois de o autoproclamado presidente interino ter desencadeado um ato de força contra o regime. Também nas últimas horas, Juan Guaidó veio afirmar que Maduro não tem “o apoio nem o respeito” dos militares.

Continua o braço-de-ferro entre o Governo venezuelano e as forças da oposição, numa altura de grande incerteza no país. Após várias horas sem reagir publicamente, Nicolás Maduro pediu “lealdade absoluta” ao povo e às Forças Armadas Bolivarianas.

Num discurso ao país a partir do Palácio Presidencial Miraflores, transmitido por todas as televisões e rádios, Maduro considerou que a operação desencadeada pela oposição venezuelana se tratou de “um golpe”.  


Segundo Nicolás Maduro, uma "intervenção militar, o golpismo, um confronto armado não são o caminho para a Venezuela. Os venezuelanos têm de resolver as diferenças em paz, respeito mútuo, sob a premissa da liberdade constitucional".

"A nossa causa é enfrentar, todos os dias, os problemas que o nosso povo tem, produto das sanções e das agressões imperialistas. A nossa causa é a causa de Bolívar, não a de Monroe", destacou ainda, numa crítica a Washington.

Ainda em resposta aos Estados Unidos, o líder venezuelano desmentiu quaisquer intenções de abandonar o poder e refugiar-se em Cuba, como foi avançado pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

"Dizia Mike Pompeo que eu, Maduro, tinha um avião ligado, para ir para Cuba, para fugir e que os russos me fizeram descer do avião proibiram-me abandonar o país. Senhor Pompeo, por favor. Que falta de seriedade", acusou.

Nicolás Maduro lançou ainda várias críticas ao líder da oposição, fundador do partido Vontade Popular. Acusou Leopoldo López de promover a violência no país e pediu ao ministro de Comunicação, que divulgue, nos próximos dias, "as provas da tentativa golpista" de terça-feira.

"Devemos mostrar toda a verdade da ação armada e violenta", disse o Chefe de Estado que garantiu que a base aérea militar de La Carlota nunca foi "tomada" pelos militares "traidores".

O Presidente venezuelano anunciou ainda que foram nomeados três procuradores para investigar "as acusações criminosas", perante tribunais, dos que participaram no no que classifica como rebelião.
Dia “histórico”

Por seu lado, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, continua a insistir que Nicolás Maduro não tem "o apoio nem o respeito" das Forças Armadas e apela aos venezuelanos para voltarem às ruas para uma "rebelião pacífica".

"Maduro não tem o apoio, nem o respeito das Forças Armadas. Muito menos do povo da Venezuela, porque não protege ninguém, porque não oferece resultados nem soluções", disse Guaidó num vídeo divulgado através do Twitter.


Segundo Juan Guaidó, na terça-feira os venezuelanos viveram "um dia histórico para o país, no início da fase definitiva da Operação Liberdade".

"Vimos que a pressão e os protestos, geram resultados, que não apenas o reconhecimento do mundo. Esses militares valentes fizeram o chamamento e milhares de venezuelanos saíram às ruas. Continuem a avançar (…) no resgate da dignidade do nosso povo, da nossa gente, da nossa família", apelou Guiadó.  

O opositor pediu ainda que os venezuelanos continuem nas ruas. "Na Venezuela, hoje, não há possibilidade de um golpe de Estado, a menos que me queiram prender", frisou,  

A declaração de Guaidó durante a noite, feita ainda antes do discurso de Maduro, acrescentava que a Venezuela “tem a possibilidade de uma rebelião pacífica (…) contra um tirano que se fecha entre quatro paredes por medo de dar a cara à nossa gente". 

(com Lusa)
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