Mundo
Maior fraude de bitcoin. Mulher chinesa admite acusação no Reino Unido
Depois de já estar associada a uma das maiores fraudes de bitcoin, Zhimin Qian foi acusada de lavagem desse dinheiro eletrónico. Nesta segunda-feira, a mulher chinesa, também conhecida como Zhang Yadi, acabou por se declarar culpada no primeiro dia de julgamento a decorrer Londres. A burla envolve mais de 5 mil milhões de libras (5,72 mil milhões de euros).
Zhimin Qian de nacionalidade chinesa foi presa depois de uma investigação promovida pela polícia britânica, onde apreendeu carteiras com mais de 61 mil bitcoin, atualmente no valor de 5,1 mil milhões de libras (mais de 5,72 mil milhões de euros), tornando-se numa das maiores apreensões de criptomoedas em todo o mundo.
Também conhecida como Yadi Zhang, a mulher de 45 anos, orquestrou uma fraude na China entre 2014 e 2017, deixando 128 mil pessoas desfalcadas, de acordo com a Polícia Metropolitana (MET).
A polícia do Reino Unido fez um avanço no caso quando fizeram buscas numa mansão em Hampstead em 2018 e apreenderam dispositivos da Qian com 61 mil bitcoins.
A mulher saiu da China utilizando documentos falsos e entrou no Reino Unido, onde tentou lavar o dinheiro, comprando propriedades, explicou o MET.
A investigação das autoridades britânicas conseguiu informações confidenciais sobre atividades ilícitas sobre a transferência de bens criminosos, que para além de Quian, envolveu uma uma outra cidadã chinesa, Jian Wen, que trabalhava num restaurante de fast-food.
A amiga Wen
No ano passado, Wen foi presa e enfrenta uma pena de seis anos e oito meses no ano passado por ajudar na operação criminosa.
Wen, de 44 anos, pegou nos lucros do golpe e deixou de viver por cima do restaurante para ir residir numa “casa alugada de vários milhões de libras” no norte de Londres, disse o Ministério Público - Crown Prosecution Service (CPS) - no início deste ano.
Wen, de 44 anos, pegou nos lucros do golpe e deixou de viver por cima do restaurante para ir residir numa “casa alugada de vários milhões de libras” no norte de Londres, disse o Ministério Público - Crown Prosecution Service (CPS) - no início deste ano.
A Polícia Metropolitana ainda referiu que apreendeu mais de 300 milhões de libras em bitcoins na posse de Wen. O CPS acrescentou que Wen comprou duas propriedades em Dubai no valor de mais de 500 mil euros.
A propriedade do norte de Londres, para onde Jian Wen se mudou em 2017, partilhando a casa de seis quartos com Qian | Crown Prosecution Service
Quando a polícia invadiu esta propriedade de Hamsptead, conhecida como Manor House, apreendeu um cofre contendo as 61 mil carteiras de moeda digital. Qian conseguiu fugir mas Wen foi detida.
"A deusa da riqueza"
A publicação chinesa Lifeweek já tinha avançado em 2024 que muitos investidores, principalmente pessoas com 50 e 75 anos, tinham aplicado "centenas de milhares a dezenas de milhões" de yuans em investimentos promovidos por Qian.
Batizada como "a deusa da riqueza", os esquemas de Qian capitalizaram a popularidade da criptomoeda na China na época, prometendo dividendos diários e lucros garantidos, segundo a Lifeweek.
A empresa gerida por Qian sustentou que estava a ajudar a China a alcançar um patamar relevante no universo financeiro e tecnológico, mostrando projetos e investimentos que alegou ter em todo o país.
Batizada como "a deusa da riqueza", os esquemas de Qian capitalizaram a popularidade da criptomoeda na China na época, prometendo dividendos diários e lucros garantidos, segundo a Lifeweek.
A empresa gerida por Qian sustentou que estava a ajudar a China a alcançar um patamar relevante no universo financeiro e tecnológico, mostrando projetos e investimentos que alegou ter em todo o país.
“O Bitcoin e outras criptomoedas estão sendo cada vez mais usadas por organizações criminosas para disfarçar e transferir ativos, para quem realiza a fraude possa desfrutar dos benefícios da sua conduta criminosa”, acentuou Robin Weyell, vice-procurador-chefe da Coroa, citado na BBC.
“Este caso, envolvendo a maior apreensão de criptomoedas no Reino Unido, ilustra a escala dos recursos criminais disponíveis para esses criminosos", sublinhou.
“Este caso, envolvendo a maior apreensão de criptomoedas no Reino Unido, ilustra a escala dos recursos criminais disponíveis para esses criminosos", sublinhou.
A condenação de segunda-feira marca o “culminar de anos de investigação dedicada”, que envolveu a polícia e as equipas policiais chinesas, relatou Will Lyne, chefe do Comando de Cibercrime e Cibernético do MET.
“Este é um dos maiores casos de lavagem de dinheiro na história do Reino Unido e entre os casos de criptomoeda de maior valor em todo o mundo. Estou muito orgulhoso da equipa", reiterou Lyne.
“Através de uma investigação meticulosa e cooperação sem precedentes com a aplicação da lei chinesa, fomos capazes de obter evidências convincentes das origens criminosas dos criptoativos que Qian tentou lavar no Reino Unido. Os meus pensamentos estão com as milhares de vítimas defraudadas neste esquema”, reforçou o chefe do Comando de Cibercrime e Cibernético do MET.
“Através de uma investigação meticulosa e cooperação sem precedentes com a aplicação da lei chinesa, fomos capazes de obter evidências convincentes das origens criminosas dos criptoativos que Qian tentou lavar no Reino Unido. Os meus pensamentos estão com as milhares de vítimas defraudadas neste esquema”, reforçou o chefe do Comando de Cibercrime e Cibernético do MET.
Culpa assumida
No primeiro dia de seu julgamento, em Southwark Crown Court, Qian assumiu a culpa, admitindo a acusação de possuir propriedade criminosa e uma acusação de transferência de propriedade criminosa.
No primeiro dia de seu julgamento, em Southwark Crown Court, Qian assumiu a culpa, admitindo a acusação de possuir propriedade criminosa e uma acusação de transferência de propriedade criminosa.
Confirmou ter adquirido criptomoedas que eram propriedade criminosa e possuí-la entre outubro de 2017 e abril de 2024. Ficou ainda exclarecido que Qian fugiu da China usando um passaporte falso de São Cristóvão e Nevis em 2017 e entrou no Reino Unido, onde um ano depois tentou lavar o dinheiro comprando propriedades com a ajuda de Jian Wen.
“Ao se declarar culpada, Zhang espera trazer algum conforto aos investidores que esperaram desde 2017 por uma compensação e tranquilizá-los de que o aumento significativo nos valores das criptomoedas significa que há fundos mais do que suficientes disponíveis para pagar as suas perdas”, concluiu o advogado de Qian, Roger Sahota, da Berkeley Square Solicitors.
O juiz Sally-Ann Hales decidiu manter Qian sob custódia antes da sentença, que ocorrerá numa data ainda por marcar.