Maioria dos europeus quer o fim da mudança da hora

por RTP
A Comissão Europeia deixou claro que o inquérito se trata de uma sondagem e não de um referendo, o que significa que o voto esmagador contra a mudança horária não implica necessariamente na sua eliminação Henry Nicholls - Reuters

A Comissão Europeia lançou um inquérito e os dados avançados pelo jornal alemão Westfalenpost revelam que 80 por cento dos europeus são contra o horário de verão. Bruxelas vai reunir esta quinta e sexta-feira para discutir os resultados.

O inquérito surgiu na sequência de uma resolução do Parlamento Europeu na qual se comprometeu a perceber a opinião dos europeus acerca do horário de verão, questionando se são a favor ou contra a existência desse horário. Foi lançado pela Comissão Europeia a 5 de julho e durante 43 dias mais de quatro milhões de pessoas responderam, um número histórico em comparação com inquéritos anteriores.

Apesar de os dados oficiais ainda não terem sido revelados, o jornal alemão Westfalenpost adiantou esta quinta-feira que 80 por cento dos participantes votaram “não” ao sistema de mudança de hora, preferindo que o horário continue constante todo o ano, com horário de inverno. A notícia acrescenta que a grande maioria das respostas vieram da Alemanha: dois em cada três participantes do inquérito foram alemães.

No caso de serem confirmados estes dados e a maioria se mostrar contra o horário de verão, cada país terá a liberdade para escolher o seu fuso horário. No entanto, o Parlamento defende que se mantenha um "regime [horário] unificado europeu", de forma a promover o comércio.
Prós e contras
O atraso dos ponteiros do relógio é motivo de debate há várias décadas, colocando-se nos dois lados da balança os benefícios e desvantagens. O sistema de mudança de hora foi implementado em 1997, mas as alterações remontam aos princípios do século XX.

As principais razões apontadas para a implementação do horário de verão são a economia de energia, a maior segurança rodoviária e o aumento do tempo de lazer antes do anoitecer. Em 2007, a Comissão Europeia publicou um relatório onde concluía que a alteração da hora constituía um benefício a vários níveis e não existiam motivos para a mudança.

Entre a lista de conclusões presente no relatório, relativamente aos transportes, Bruxelas mencionava que “a plena harmonização do calendário permitiu suprimir os obstáculos mais importantes observados no passado”. Para além disso, acrescentava que “a hora de verão contribui para uma poupança de energia pelo facto de se utilizar menos eletricidade em iluminação ao fim do dia, visto haver mais luz natural”.

No entanto, tal como noticia El Pais, Bruxelas revelou recentemente que acredita que alguns desses argumentos baseiam-se em conclusões que têm um impacto reduzido, nomeadamente a nível económico. Estudos sobre a mudança horária, consultados pela Comissão Europeia, indicam que a economia de energia é “marginal”: entre 0,5 e 2,5 por cento.

As vantagens no setor dos transportes também não são claras, não se tendo conseguido comprovar que o risco de acidentes diminui devido à mudança da hora. Sublinham que o impacto no relógio biológico - que se expõe na forma de cansaço ou falta de concentração - poderá ser mais significativo do que se considerava inicialmente.

A Comissão Europeia deixou claro que o inquérito se trata de uma sondagem e não de um referendo, o que significa que o voto esmagador contra a mudança horária não implica necessariamente a sua eliminação. Os resultados serão discutidos pela Comissão Europeia a partir desta quinta-feira e para que exista um acordo final, é necessário um consenso entre o Parlamento Europeu e os Estados-membros.
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