Mais de 300 empresas de construção encerraram durante protestos em Moçambique
A Federação Moçambicana de Empreiteiros (FME) estimou hoje que mais de 300 empresas de construção encerraram durante as manifestações pós-eleitorais em Moçambique, existindo muitas empresas que ainda não conseguiram reabrir, um ano depois dos protestos.
"Temos mais de 300 empresas de construção que fecharam nesse processo de manifestação", disse o presidente da FME, Bento Machaila, à margem de audiência com o antigo chefe de Estado moçambicano Armando Guebuza, em Maputo.
Segundo o responsável, aquela classe ainda não ultrapassou a pior contestação que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), liderada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro de 2024, que deram a vitória a Daniel Chapo, atual Presidente de Moçambique.
Mas a solução, reiterou, é "continuar a trabalhar".
"Como sabe, muitos projetos tiveram sua paralisação durante as manifestações e a retoma, naturalmente, muitas empresas ainda não conseguiram cumprir", explicou.
A Organização dos Trabalhadores de Moçambique - Central Sindical (OTM-CS) disse, no dia 13, que mais de 12 mil trabalhadores que perderam o emprego durante as manifestações pós-eleitorais continuam sem indemnização.
"Neste momento, temos mais de 12 mil trabalhadores que perderam seus postos de trabalho após as eleições de 09 de outubro e, de grosso modo, estes trabalhadores não foram indemnizados por conta de alguns agentes económicos que abandonaram o país", disse, na altura, a jornalistas, André Mandlate, secretário-geral da OTM-CS, em Maputo.
Mandlate disse que alguns trabalhadores receberam indemnizações que "não foram justas" e avançou que está a assessorar os sindicatos nacionais para encontrar melhores soluções face à situação.
Quase 400 pessoas morreram em resultado de confrontos entre a polícia e os manifestantes, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de mais de 500 empresas e infraestruturas públicas, com pelo menos 121 mil pessoas a ficarem sem emprego, segundo dados avançados anteriormente à Lusa pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
Em 23 de março, Mondlane e Daniel Chapo, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, embora, atualmente, críticas e acusações mútuas continuem nas declarações públicas dos dois políticos.