Mais de 5.000 dominicanas e brasileiras na prostituição

Santo Domingo, 09 Mai (Lusa) - Cerca de cinco mil dominicanas e brasileiras exercem a prostituição no Suriname, um país onde nem umas nem outras contam com representação consular, revelam os resultados de uma investigação apresentada quinta-feira em Santo Domingo.

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As mulheres da República Dominicana e do Brasil representam 100 por cento do comércio do sexo no Suriname, país de 223 mil habitantes.

De acordo com a "Investigação Trinacional sobre o Comércio e Tráfico de Mulheres", realizada por várias organizações e divulgada pelo Centro de Orientação e Investigação Integral (COIN), entre 3.000 e 4.000 dominicanas são obrigadas a exercer a prostituição no Suriname em estabelecimentos privados, na sua maioria clandestinos, onde são maltratadas, violadas e até sequestradas.

Quanto à situação das brasileiras, os investigadores denunciam que "sofrem a constante violação dos direitos humanos".

Marcel Hazeu, representante da organização brasileira Sodireitos, que participou no estudo, explicou que embora as suas compatriotas partilhem em comum a necessidade de escapar à pobreza e manter as suas famílias, "as dominicanas têm uma maior consciência da exploração a que são submetidas".

"As brasileiras não se organizam para resistir, enquanto as dominicanas denunciam que são exploradas e violentadas. É um grupo mais solidário, juntam-se para lutar e sobreviver, embora não tenham uma comunidade nem um consulado", acrescentou.

Para Hazeu, "a grande mentira dos traficantes é alimentar nas dominicanas e brasileiras grandes perspectivas, as quais nunca cumprem", já que, segundo disse, "os ganhos económicos são escassos" para ambas.

A grande ilusão das vítimas da prostituição é, acrescentou o perito, casarem-se com um cidadão do Suriname rico.

Enquanto isto, o Centro de Orientação e Investigação Integral sublinhou que as dominicanas têm por hábito trabalhar em lugares clandestinos "muito mais ocultos e perigosos do que as brasileiras" e denunciou o desaparecimento de algumas dominicanas no Suriname, casos que não foram investigados.

Os directores do Centro de Orientação e Investigação Integral, Santo Rosario e Francisca Ferreiras, exortaram os Governos da República Dominicana, Brasil e Suriname a estabelecerem políticas e programas de protecção dos direitos das mulheres vítimas do tráfico.

Rosario opinou que as mulheres chegam à prostituição devido à pobreza e à desigualdade de género e queixou-se de que as leis migratórias, aprovadas para combater o tráfico de pessoas, escondem e tornam ainda mais clandestino o problema.

Esta realidade, explicou, "exige o estabelecimento de políticas de integração laboral e a concessão de microcréditos para que as mulheres pobres possam inserir-se em condições de igualdade na sua sociedade de origem".

Sustentou que o Suriname é um país de trânsito e destino do comércio sexual devido ao movimento económico gerado pelas suas minas e casinos, e porque algumas mulheres podem cruzar a fronteira até à Guiania Francesa ou emigrar para França, Martinica ou Guadalupe.

Segundo dados de organizações locais, mais de duzentas mil dominicanas exercem a prostituição fora do país.

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