Mais de mil deputados europeus pedem respostas às anexações planeadas por Israel

por Lusa
Abed Al Hashlamoun , EPA

Mais de mil deputados europeus pediram aos seus dirigentes para tomarem uma posição contra os planos do Governo israelita de anexar partes da Cisjordânia ocupada, alertando para o precedente que isso estabelecerá nas relações internacionais.

"A Europa deve tomar a iniciativa de mobilizar os atores internacionais para evitar a anexação e salvaguardar as perspetivas da solução de dois Estados e de uma solução justa para o conflito", afirmam 1.080 signatários de uma carta enviada ao chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, e aos ministros dos Negócios Estrangeiros de 25 países europeus.

A iniciativa foi promovida por académicos e políticos israelitas, como o ex-presidente do Knesset (parlamento israelita) e líder da Agência Judaica, Avraham Burg, que classificou a anexação como um "tremendo golpe político" para a possibilidade de ter uma solução justa para o conflito no país.

Golpe que, segundo Avraham Burg, deve "ter consequências".

O novo Governo israelita pretende iniciar o processo de anexação do Vale do Jordão e de colonatos israelitas na Cisjordânia a partir de 1 de julho, uma ação unilateral já contestada pelos palestinianos e pela maioria da comunidade internacional, mas que é apoiada pelos Estados Unidos.

A medida, que se insere na estratégia `Visão de Paz` da administração Trump, questiona as normas mais básicas das relações internacionais, incluindo a Carta das Nações Unidas, consideram os deputados europrus que assinaram a carta.

"O plano do Presidente [Donald] Trump quebra os parâmetros e princípios acordados internacionalmente", acrescentam.

"Na prática, [a anexação] promove o controlo permanente de Israel sobre um território palestiniano fragmentado, deixando os palestinianos sem soberania", alertam os signatários.

Os deputados, a maioria do quais pertence a partidos de esquerda, mostram uma "profunda preocupação" com o precedente que esta anexação criaria para as relações internacionais em geral e pedem "consequências proporcionais".

"A aquisição do território pela força não faz sentido em 2020", observam, advertindo que "a falta de uma resposta adequada incentivará outros Estados com reivindicações territoriais a ignorar os princípios básicos do direito internacional".

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