Mais de mil detidos em protestos na Rússia contra a mobilização parcial

por RTP
Maxim Shipenkov - EPA

As forças de segurança russas detiveram mais de 1.300 pessoas em protestos nacionais convocados por um movimento pacifista contra a mobilização parcial de reservistas para combater na Ucrânia, anunciada quarta-feira por Vladimir Putin.

Segundo o grupo pacifista OVD-Info, os protestos decorreram em mais de 38 cidades russas e foram detidas 1.386 pessoas.

A organização registou detidos em Moscovo, São Petersburgo, Yekaterimburgo, Perm, Ufa, Krasnoyarsk, Cheliabinsk, Irkutsk, Novosibirsk, Yakutsk, Ulan-Ude, Arkhangelsk, Korolev, Voronezh, Zheleznogorsk, Izhevsk, Tomsk, Salavat, Tiumen, Volgogrado, Petrozavodsk, Samara, Surgut, Smolensk, Belgorod e outras cidades.

A OVD-Info afirma que a polícia agiu com violência contra os manifestantes e entre os detidos estão vários jornalistas.


Em Moscovo foram detidas 502 pessoas e em São Petersburgo 524.No centro de Moscovo, onde se concentraram centenas de manifestantes na rua Arbat (talvez a mais famosa artéria da capital e a mais antiga, datada do século XV), onde historicamente se reuniam escritores, artistas plásticos e músicos), as detenções por parte da polícia antimotim começaram assim que o protesto começou.

Os manifestantes gritavam “Não à guerra”, entre aplausos, e “Putin para as trincheiras”.

Um manifestante com um cartaz de protesto foi detido logo a seguir pelos agentes policiais, que o arrastaram dali para fora, enquanto outros manifestantes gritavam “A polícia é a vergonha da Rússia”.

Por que é que estão a fazer isto se vocês, amanhã mesmo, também vão ser mandados para a guerra da Ucrânia?”, perguntaram alguns a agentes das forças de segurança.

“Morrer por quê, por causa de quê?”, acrescentaram.

Entre as palavras-de-ordem, também se ouvia “Vida para os nossos filhos”, numa referência às declarações do chefe da comissão de Defesa da Duma ou Câmara de Deputados, Andrei Kartapolov, de que os primeiros mobilizados serão suboficiais na reserva com menos de 35 anos e oficiais com menos de 45 anos.
Comícios não autorizados são ilegais segundo a lei anti protestos do país.


O Ministério Público de Moscovo já advertiu que punirá com até 15 anos de prisão a organização e participação em ações ilegais.


Também será punida administrativa ou criminalmente a difusão de convocatórias para participar em ações ilegais ou para realizar outros atos ilegais nas redes sociais, bem como fazer apelos a menores de idade para participarem em atos ilegais.

O advogado do grupo de direitos humanos Agora revelou que a organização tinha recebido mais de seis mil chamadas a pedir informações sobre os direitos dos soldados.


Após Putin ordenar o primeiro alistamento militar na Rússia desde a Segunda Guerra Militar, os voos para sair do país esgotaram rapidamente.

O preço dos voos de Moscovo para Istambul ou Dubai chegaram aos 9.200 euros para um voo de ida em classe económica.

c/Agências
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