Mais um episódio inédito «à la Trump». Ex-presidente julgado criminalmente

por Cristina Santos - RTP
Stephanie Clifford, também conhecida por Stormy Daniels, e Donald Trump Reuters

Donald Trump torna-se, esta segunda-feira, o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser julgado criminalmente. Em causa estão suspeitas de suborno antes das presidenciais de 2016.

A acusação garante que ele deu instruções ao então advogado para comprar o silêncio de duas mulheres com as quais o antigo presidente teria tido casos extraconjugais: uma atriz de filmes pornográficos, Stormy Daniels, uma modelo da Playboy, Karen McDougal. 

Este julgamento marca a campanha presidencial nos Estados Unidos, no momento em que o partido Republicano e o partido Democrata escolhem os seus candidatos às presidências de dia 05 de novembro, sendo praticamente certo que vai ser um confronto entre Donald Trump e Joe Biden.

O ex-presidente norte-americano foi indiciado na primavera de 2023 por 34 acusações de falsificação de documentos, justificando assim a saída de dinheiro com que alegadamente subornou as duas mulheres. 

A acusação afirma que Trump agiu desta forma por temer que os supostos casos extraconjugais pudessem prejudicar a candidatura do Republicano nas presidências de 2016.
Pouco mais de três anos depois de deixar a Casa Branca, em teoria, Trump pode ser condenado a uma pena de prisão efetiva, até quatro anos, mas nada na Constituição dos Estados Unidos o impedirá de exercer o cargo se for eleito. Sendo certo que ele também poderá evitar a pena de prisão e ser multado.

Aos 77 anos, Trump alega estar inocente e um dos desafios do julgamento será determinar o que ele sabia sobre os subornos. Michael Cohen era, então, o advogado de Trump e foi ele quem deu o dinheiro a Stormy Daniels – a pedido do cliente. O que é facto é que o advogado foi julgado e condenado por este caso e vai ser uma das principais testemunhas da acusação.

Vários analistas, em declarações aos media norte-americanos, não acreditam que Trump possa ser condenado, por considerarem o caso Stormy Daniels, como frágil, apesar de ser o único (entre outros casos) que “poderá ser julgado antes das eleições.

A vitimização tem sido a estratégia que Trump tem seguido nos comícios perante os apoiantes. Ele não fugiu dessa narrativa no último sábado, 13 de abril, quando afirmou estar a ser alvo de uma perseguição legal e política.

“Os nossos inimigos querem tirar a minha liberdade porque eu nunca vou deixar que eles tirem a vossa”, garantiu ele na Pensilvânia ao mostra-se disponível para testemunhar no julgamento.
O tribunal de Manhattan está sob elevadas medidas de segurança, uma vez que são esperados protestos pró e anti-Trump.

O primeiro passo do julgamento é dado, esta segunda-feira, com a seleção dos doze jurados que vão ser responsáveis por declarar se Donald Trump é “culpado” ou “inocente”.

Pelo menos, uma centena de residentes de Manhattan vai ter que responder a um longo questionário sobre as suas filiações partidárias e se simpatizam ou não com Trump.
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