Manifestações contra Lula e Dilma entram no segundo dia

O mês de março de 2016 fica marcado no Brasil por protestos constantes na rua e alguns confrontos entre grupos de apoiantes e opositores do Partido dos Trabalhadores (PT).

Graça Andrade Ramos - RTP /
As manifestações surgem um pouco por todo o Brasil, algumas de forma espontânea, a maioria contra o Governo Ricardo Moraes - Reuters

Em Brasília, a Polícia Militar brasileira estimava em mais de oito mil pessoas a multidão concentrada ao início da noite de quinta-feira no relvado frente ao Congresso Nacional, sem que se tivesse registado qualquer incidente.

Horas antes, na Esplanada dos Ministérios, as pessoas colocaram caixões assinalados com a estrela do PT, acenderam velas e fizeram o "enterro" do partido de Lula e de Dilma Rousseff. De forma geral os protestos decorrem de forma pacífica. Uma pessoa foi detida ao início da noite após alguma confusão entre manifestantes anti-Governo.

De manhã, pelo contrário, houve confrontos entre opositores e defensores do Governo, frente ao Palácio do Planalto, que fizeram dois feridos, um de cada grupo, ambos detidos pela Polícia Militar.

De acordo com a polícia, três mil pessoas protestavam contra o PT e 300 a favor por volta de 11h00. Já os organizadores disseram que cinco mil protestavam contra o PT. Não havia dados dos organizadores a favor.

As forças de segurança usaram gás pimenta para separar os manifestantes e a cavalaria chegou a intervir.

Durante a tarde, os manifestantes contra o Governo preenchiam o Eixo Monumental, na zona de Itamaraty. A Polícia Militar estima que as 200 pessoas que estavam no local pouco antes das 17h00 passaram, uma hora depois, a três mil.
Brasil sem descanso
Os piores confrontos entre opositores e apoiantes deram-se em São Paulo, concentrando-se na Avenida Paulista, onde milhares de pessoas impedem a circulação há mais de 24 horas, a maioria contra a Presidente e a nomeação de Lula. Qualquer pessoa que ouse apoiar Dilma ou o Governo é vista como provocadora e corre risco de ser espancada.

Foram registados pelo menos três casos de agressão. São Paulo regista também o maior número de manifestações por Estado, a maioria contra o Governo: houve protestos em 15 localidades.

Em todo o país sucederam-se as manifestações contra o Governo, agrupando na maior parte das vezes entre algumas dezenas até centenas de pessoas: é o caso de Boa Vista, de Roraima, de Porto Alegre, de Ribeirão Preto, de Rio Branco e de Natal.

Em Rio Branco a polícia formou um cordão para evitar confrontos entre opositores e apoiantes de Dilma e Lula.
Protestos em 21 Estados
Em Belo Horizonte o protesto juntou até quatro mil pessoas e paralisou a cidade. Em Vitória, Espírito Santo, 20 mil pessoas juntaram-se contra o PT e para cantar o hino nacional.

De acordo com o jornal Globo News registaram-se protestos em pelo menos 21 Estados e no Distrito Federal. Houve manifestações de apoio a Lula e a Dilma em apenas quatro Estados e juntaram algumas dezenas de pessoas. As manifestações já estão no segundo dia consecutivo.

"Os protestos são pacíficos, com poucos incidentes isolados", diz O Globo. "Houve registros de panelaços (protesto batendo em panelas) também durante a cerimónia de posse de Lula no Palácio do Planalto," acrescenta.

Embora a maioria dos manifestantes gritasse palavras de ordem contra Dilma Rousseff e Lula da Silva, nalguns locais as manifestações foram também de apoio aos juízes e investigações do processo Lava Jato, que investiga a corrupção em torno da Petrobras e implica, alegadamente, Lula da Silva.
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