Manuais escolares com erros em Cabo Verde vão ser substituídos

por Lusa

Praia, 06 out (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, anunciou hoje a substituição dos manuais escolares de matemática, em que foram detetados vários erros, no mesmo dia em que foi aceite a demissão da Diretora Nacional da Educação.

"O Governo tomou a iniciativa de fazer a reimpressão. Novos manuais vão ser disponibilizados para substituir os que estão em curso sem encargos para aqueles que já os adquiriram", disse Ulisses Correia e Silva.

O primeiro-ministro cabo-verdiano falava aos jornalistas, na cidade da Praia, no final de uma visita ao Centro Educativo Miraflores, uma das maiores escolas da capital, que funciona num regime semelhante aos contratos de associação existente em Portugal.

Cabo Verde introduziu este ano um novo plano de ensino, que prevê o reforço do português, ciências e da matemática, mas o livro de matemática do 1.º e 2.º anos do 1.º ciclo têm vários erros classificados por vários especialistas em educação como "gravíssimos" e "grosseiros".

Apesar dos vários erros detetados, até quinta-feira, o Ministério da Educação considerava não existirem razões que justificassem a sua retirada, explicando que os livros se manteriam até final do ano e seriam corrigidos nas aulas pelos professores através de um sistema de erratas e autocolantes.

A decisão deixou indignados pais, professores e especialistas em educação, que agendaram para hoje uma manifestação para tentar convencer o Governo a rever a sua posição.

Ulisses Correia e Silva anunciou "um processo de troca" dos manuais "nos próximos meses".

"É uma questão de lançar concurso e fazer a impressão, a reedição e a disponibilização dos novos manuais sem erros", disse, adiantando que os novos livros serão impressos em Cabo Verde e "o mais rápido possível".

Questionado sobre a mudança de posição do Governo, Ulisses Correia e Silva disse "que nada mudou".

"Dissemos sempre que íamos fazer as correções. Reimprimir e reeditar é corrigir. A reimpressão vai ser feita em Cabo Verde. Vão ser lançados concursos para que as gráficas nacionais possam concorrer e vão ser selecionadas por júris independentes", disse.

Na sequência da deteção dos erros nestes manuais, o Ministério da Educação informou ter encontrado centenas de erros e sugestões de correção também os manuais editados durante o anterior Governo e ainda em vigor, o que foi interpretado como uma tentativa de desresponsabilização.

Ulisses Correia e Silva rejeitou a ideia de que tenha havido uma tentativa de desresponsabilização e considerou que "o fundamental é que o novo programa do projeto educativo continue".

"Há uma nova metodologia de ensino muito eficaz para que os alunos possam ter melhores condições de aprendizagem, há a introdução da educação especial e temos que dar valor a todo o trabalho que foi feito. Por isso estamos a salvar o essencial que é o conteúdo", disse.

Ulisses Correia e Silva disse ainda que, enquanto não forem impressos os novos livros, já a partir da próxima semana os manuais corrigidos estarão disponíveis numa plataforma online gratuitamente.

"Tomámos a iniciativa que consideramos a mais correta, permitir que as correções sejam feitas, não haja conturbações no ano letivo e que as crianças tenham acesso a manuais que facilitem a aprendizagem da matemática. Não se pode, por 14 erros, destruir todo o trabalho feito", disse.

O primeiro-ministro falou aos jornalistas pela primeira vez sobre a polémica dos manuais escolares no mesmo dia em que a ministra da Educação, Maritza Rosabal, anunciou ter aceitado o pedido de demissão da diretora Nacional de Educação, Adriana Mendonça.

Maritza Rosabal anunciou também, na quinta-feira, em declarações à Televisão de Cabo Verde, a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades no processo de elaboração dos manuais, que foram editados por uma empresa sueca.

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