Marcelo retratado como católico generoso, salva-vidas e mito em discurso de elogio
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi hoje retratado como um Presidente com personalidade multifacetada, católico generoso, taxista em períodos eleitorais, salva-vidas, num discurso de elogio feito por José Paulo Cavalcanti Filho.
Coube ao antigo ministro da Justiça do Brasil fazer o discurso laudatório na cerimónia de doutoramento `honoris causa` do chefe de Estado português pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UEFP), no Recife.
No fim da sua intervenção, José Paulo Cavalcanti Filho citou o verso de Fernando Pessoa "o mito é o nada que é tudo", para concluir: "No caso do Presidente não é bem assim, melhor dizer apenas que Marcelo Rebelo de Sousa é mito, precisamente por ser tudo o que é".
Ao longo do seu discurso, Cavalcanti recorreu a testemunhos de outras pessoas para descrever o Presidente português, incluindo um relato do atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, sobre como Marcelo Rebelo de Sousa "apertava a campainha de todos os apartamentos" do seu prédio, quando eram jovens.
Entre outros depoimentos, recordou a afirmação feita há cerca de 30 anos pelo antigo vice-primeiro-ministro Paulo Portas de que "Marcelo Rebelo de Sousa é filho de Deus e do Diabo, Deus deu-lhe a inteligência, o Diabo deu-lhe a maldade", e até o episódio da frase "Balsemão é lelé da cuca" contado pelo jornalista José António Saraiva.
O advogado referiu opiniões de outros jornalistas, Vicente Jorge Silva, Ângela Silva e Vítor Matos, qualificando o chefe de Estado como "inquieto, intelectual e meio louco" com um forte "lado lúdico" e crente no paraíso.
Pela sua parte, Cavalcanti descreveu Marcelo como um católico que "chega a ir a Fátima a cada 15 dias, tanto que já tem até uma cabeleireira para lhe cortar o cabelo perto da Cova da Iria" e generoso, que "até hoje banca estudantes, sobretudo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), sem dinheiro para bolsa, ele banca com seus recursos e faz segredo disso".
"É solidário. Ele no Hospital Santa Maria vai reconfortar crianças doentes com câncer, em Portugal é cancro. Não torna público isso, mas vai, todas as vezes que se pensa que a presença dele pode animar o doente, ele vai", acrescentou.
Segundo o seu irmão António, "não tem património, não tem praticamente nada, é desprendido de bens materiais", enquanto o amigo médico Eduardo Barroso o considera "um atormentado com as desigualdades sociais", referiu.
O antigo ministro da Justiça descreveu também Marcelo Rebelo de Sousa como "médico frustrado e farmacêutico amador" que leva no banco de trás do carro uma "sacola de supermercado" com remédios, como "taxista em períodos eleitorais" e "guia turístico" que sabe "onde ficam os melhores pastéis de nata".
Disse ainda que Marcelo "é nadador-salvador" e "salvou duas jovens, em 2018, de morrer afogadas na praia do Alvor, no Algarve".
No campo desportivo, Cavalcanti apontou como atributos do Presidente "paraquedista honorário desde 2017" e "lutador de artes marciais do género aikido", assinalando que "é a mesma luta do ator de cinema americano Steven Seagal", e por uma vez "treinador de futebol".
De acordo com Cavalcanti, "em 1975, ele era o chefe da delegação de um jogo da seleção portuguesa com a seleção de Goiás" e "no segundo tempo, uma confusão grande, o técnico José Maria Pedroto foi expulso e o `time` de Portugal se retirou".
Marcelo então "saiu pulando as cadeiras, obrigou o `time` a voltar e ficou dando instruções na beira do campo", mas infelizmente viu "o Tuíra fazer 2x1 para a seleção de Goiás" e assim foi "sua breve carreira de treinador", narrou.
Na sua opinião, Helena Roseta "resume bem" a personalidade do Presidente: "Marcelo não é uma pessoa, são várias".