Mundo
Margaret Thatcher chegou a recear uma guerra contra Espanha
Os documentos ontem tornados acessíveis pelo Governo britânico, passado um prazo legal de 30 anos, mostram que em 1982, no momento do ataque argentino às Ilhas Malvinas, a primeira ministra Margaret Thatcher alimentou sérias preocupações sobre a atitude do Governo espanhol. Thatcher chegou a recear um ataque espanhol contra as forças britânicas em Gibraltar, violando os acordos de Lisboa assinados em 1980.
Segundo o diário espanhol El Pais, Thatcher mandou mesmo reforçar as defesas do "peñon" de Gibraltar, considerando que poderia vir a encontrar-se aí perante uma surpresa como aquela que acabava de sofrer na tomada das Malvinas (também conhecidas como Falklands) pela Argentina.
Pouco antes tinham estado em curso, com algum sucesso, negociações entre a Espanha e o Reino Unido sobre o estatuto de Gibraltar. Para a Espanha foi sempre um problema aceitar a ocupação britânica do grande rochedo que, em território espanhol, domina todo o acesso do Atlântico ao Mediterrâneo e vice-versa. Em 1940, Franco chegara a ter um plano de tomada do "peñon" com a ajuda da Alemanha nazi.
A distensão que desembocou nos acordos de Lisboa, de 1980, previaa abertura da fronteira hispano-gibraltina, que no entanto foi sendo adiada. Quando a Junta Militar argentina lançou o seu ataque contra as Malvinas, em 2 de abril de 1982, a abertura da fronteira tinha uma nova data marcada, também durante esse mês. Thatcher imediatamente deixou de confiar na execução do acordo e começou a tomar medidas para prevenir um eventual ataque espanhol contra Gibraltar.
Os indícios em que se baseva a primeira-ministra britânica eram, por um lado, a reacção muito calorosa e simpatizante da imprensa espanhola para com a iniciativa argentina; por outro lado, o facto de a Espanha se ter abstido, na votação do Conselho de Segurança que condenou o ataque argentino.
Enfim, no ano anterior, em 23 de fevereiro, tivera lugar em Madrid um abortado putsch pós-franquista, que levara à prisão o tenente-coronel Tejero. Mas admitia-se no nº 10 de Downing Street que o caldo de cultura do putschismo não estivesse inteiramente eliminado e que
Mas, duma maneira geral, o Foreing Office alertava contra reacções de pânico infundadas. Num documento elaborado em 5 de abril de 1982, não descartava que viesse a haver "actos menores de provocação", mas sublinhava que "apesar da reacção jubilosa da imprensa espanhola à tomada argentina das Malvinas,não temos motvios para crer que haja uma maior ameaça militar do Governo espanhol sobre Gibraltar".
E lembrava que "embora a Espanha se tenha abstido no debate do Conselho de Segurança sobre as Malvinas, o ministro dos Negócios Estrangeiros [José Pedro Pérez Llorca] enviou uma mensagem pessoal com bons votos a Lord Carrington, dizendo que o Governo espanhol estaria disposto a fazer o que considere útil dentro das limiadas possibilidades à sua disposição".
Pouco antes tinham estado em curso, com algum sucesso, negociações entre a Espanha e o Reino Unido sobre o estatuto de Gibraltar. Para a Espanha foi sempre um problema aceitar a ocupação britânica do grande rochedo que, em território espanhol, domina todo o acesso do Atlântico ao Mediterrâneo e vice-versa. Em 1940, Franco chegara a ter um plano de tomada do "peñon" com a ajuda da Alemanha nazi.
A distensão que desembocou nos acordos de Lisboa, de 1980, previaa abertura da fronteira hispano-gibraltina, que no entanto foi sendo adiada. Quando a Junta Militar argentina lançou o seu ataque contra as Malvinas, em 2 de abril de 1982, a abertura da fronteira tinha uma nova data marcada, também durante esse mês. Thatcher imediatamente deixou de confiar na execução do acordo e começou a tomar medidas para prevenir um eventual ataque espanhol contra Gibraltar.
Os indícios em que se baseva a primeira-ministra britânica eram, por um lado, a reacção muito calorosa e simpatizante da imprensa espanhola para com a iniciativa argentina; por outro lado, o facto de a Espanha se ter abstido, na votação do Conselho de Segurança que condenou o ataque argentino.
Enfim, no ano anterior, em 23 de fevereiro, tivera lugar em Madrid um abortado putsch pós-franquista, que levara à prisão o tenente-coronel Tejero. Mas admitia-se no nº 10 de Downing Street que o caldo de cultura do putschismo não estivesse inteiramente eliminado e que
Mas, duma maneira geral, o Foreing Office alertava contra reacções de pânico infundadas. Num documento elaborado em 5 de abril de 1982, não descartava que viesse a haver "actos menores de provocação", mas sublinhava que "apesar da reacção jubilosa da imprensa espanhola à tomada argentina das Malvinas,não temos motvios para crer que haja uma maior ameaça militar do Governo espanhol sobre Gibraltar".
E lembrava que "embora a Espanha se tenha abstido no debate do Conselho de Segurança sobre as Malvinas, o ministro dos Negócios Estrangeiros [José Pedro Pérez Llorca] enviou uma mensagem pessoal com bons votos a Lord Carrington, dizendo que o Governo espanhol estaria disposto a fazer o que considere útil dentro das limiadas possibilidades à sua disposição".