Mariano Rajoy anuncia auditoria externa às contas do Partido Popular espanhol
Madrid, 21 jan (Lusa) -- O presidente do Partido Popular (PP) espanhol, Mariano Rajoy, anunciou hoje uma auditoria externa para analisar as contas do partido e que complementará as investigações internas que se vão realizar, confirmaram fontes do partido.
Rajoy, que é também presidente do Governo espanhol, anunciou a decisão na sua intervenção na primeira reunião de 2013 do Comité Executivo Nacional do PP, marcada pela polémica sobre alegada corrupção no seio do partido.
A auditoria surge depois da polémica em torno das atividades de um ex-tesoureiro do PP e o alegado pagamento de suplementos salariais, em envelopes e não declarados, a alguns dirigentes do partido, que está a marcar a atualidade política em Espanha.
O assunto surgiu na semana passada quando a imprensa espanhola, citando documentos judiciais, revelou que o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça.
As notícias sobre as contas de Barcenas despoletaram uma intensa polémica com alguma imprensa a revelar alegações de que, no tempo em que Barcenas era tesoureiro - até 2009 -, alguns dirigentes do partido recebiam dinheiro, em envelopes e não declarado, como `suplemento` aos seus salários.
Os principais dirigentes do partido negaram já essa informação, tendo hoje a secretária-geral do PP, Maria Dolores de Cospedal, garantido que não houve qualquer pagamento de dinheiro não declarado.
Em declarações aos jornalistas, Cospedal desafiou quem afirma que existem recibos desses pagamentos que "os apresentem e demonstrem serem genuínos".
À rádio Cadena SER, Cospedal garantiu que nenhum dos dirigentes do partido, incluindo o presidente e atual chefe do Governo, Mariano Rajoy, receberam qualquer dinheiro "em negro", como são referidos em Espanha os pagamentos da economia paralela.
"Não se pagou a ninguém em negro", disse, afirmando "nunca" ter visto qualquer indício de contabilidade opaca na organização.
Cospedal afirmou ainda não dar "em absoluto" qualquer credibilidade às palavras do ex-deputado Jorge Trías, que disse ao jornal El Pais, na sua edição de hoje, que dirigentes da cúpula do PP recebiam envelopes com dinheiro - até 10.000 euros -, como complemento aos seus salários.
No sábado, em Almería, o presidente do PP e primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, prometeu que não hesitará em atuar caso se descubra que se cometeram irregularidades no seu partido.
Ainda assim insistiu que o partido "sempre atuou com transparência e rigor" e reagiu adequadamente perante "comportamentos irregulares".