Marrocos aumenta em 6% gastos militares em 2022 e atinge 4% do PIB

por Lusa

Marrocos vai aumentar os gastos militares em 6%, até aos 50,3 mil milhões de dirhams (4,838 mil milhões de euros), o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo documentos oficiais.

De acordo com a agência EFE, a decisão consta de um relatório aprovado na semana passada na Câmara dos Conselheiros marroquina, que o ministro da Defesa, Abdelatif Loudiyi, considerou "moderado e realista" ao apresentar o orçamento para 2022 para este departamento governamental.

Loudiyi, no documento, lembrou que, no orçamento da área da Defesa para 2021, o montante foi de 47,4 mil milhões de dirhams (4,56 mil milhões de euros).

Na reunião, escreve a EFE, os conselheiros destacaram a necessidade de aumentar os orçamentos destinados à Defesa.

O ministro respondeu reconhecendo que as verbas para a Defesa são "insuficientes", dadas as várias missões das Forças Armadas Reais marroquinas e as ameaças à segurança na área, casos da vizinha Argélia e o Saara Ocidental, "que exigem vigilância permanente de todos os militares".

No entanto, Loudiyi assumiu que o orçamento para 2022 é "razoável" quando comparado ao que é alocado pelos países da região.

Quanto à aquisição de material militar, indicou que é efetuada após terem sido estabelecidas prioridades, através de comissões que "estudam cuidadosamente" o tipo de armas a comprar e os contratos que pretendem assinar nesta área.

A 24 de novembro, Marrocos assinou com Israel um acordo-quadro de cooperação no domínio da segurança "sem precedentes", ato que marcou a visita histórica a Rabat do ministro da Defesa israelita, Benny Gantz.

O acordo, assinado numa altura em que é grande a tensão entre o reino alauita e a Argélia, foi assinado durante um encontro de Gantz, antigo chefe das Forças Armadas de Israel, com Loudiyi.

O acordo foi assinado apenas um ano após a normalização das relações entre os dois países e lançou formalmente a cooperação na área da segurança "sob todos os aspetos", como o planeamento operacional, investigação e desenvolvimento, entre outros itens, face "às ameaças e desafios na região", tal como sublinhou então Gantz.

Marrocos e Israel estabeleceram relações diplomáticas no início dos anos 1990, antes de Rabat as suspender no início da segunda Intifada, a sublevação palestiniana no começo dos anos 2000.

Agora aliados num tenso contexto regional, Rabat e Telavive retomaram-nas em dezembro de 2020, no quadro dos "Acordos de Abraão", processo de normalização das relações entre o Estado hebraico e os países árabes, iniciativa apoiada pela administração do então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

Para tal, Washington reconheceu a "plena soberania" de Marrocos sobre o Saara Ocidental, território em disputa com os separatistas sarauís da Frente Polisário, apoiados pela Argélia.

Tópicos
pub