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Marte. Depois das sondas lançadas por China e EAU, NASA inicia nova missão
A NASA vai lançar esta quinta-feira a missão Perseverance, que tem como objetivo a procura de sinais de vida microbial no Planeta Vermelho. Os cientistas procuram perceber se alguma vez houve condições para a existência de vida em Marte. Depois das sondas de China e EAU, esta é a terceira missão a partir para aquele planeta em pouco mais de uma semana.
“Estamos prontos para o lançamento. Vivemos tempos extraordinários com a pandemia do novo coronavírus, e ainda assim perseveramos e protegemos esta missão, porque é muito importante”, afirmou Jim Bridenstine, administrador da NASA.
O lançamento está marcado para esta quinta-feira às 7h50 locais (12h50 em Lisboa) a partir de Cape Canaveral, na Florida.
O equipamento, no valor de 2,7 mil milhões de dólares, tem o tamanho de um carro, pesa mais de uma tonelada e será o quinto rover da NASA a chegar a Marte.
A própria cratera Jezero, onde se prevê que a missão pouse em fevereiro, terá sido o delta de um antigo lago ou rio profundo e é atualmente um depósito de rochas sedimentares, onde se poderá ter preservado vida microbiana fossilizada. Em várias línguas eslavas, jezero significa “lago”.
O objetivo central desta missão é determinar se já houve vida em Marte. No entanto, pretende-se também caracterizar com mais pormenor o clima e a geologia do planeta, bem como preparar expedições humanas no futuro.
A missão é lançada numa altura em que a Terra e Marte estão numa posição favorável para que a viagem seja efetuada, tendo em conta as órbitas de ambos os planetas.
“Sabemos através da exploração que este mundo aqui ao lado também pode ter sido habitável. Na altura em que a vida na Terra ainda se estava a desenvolver, Marte já seria habitável, com lagos e rios”, acrescentou, em declarações ao Washington Post.
Corrida ao espaço?
Este lançamento da NASA será o terceiro a nível mundial em pouco mais de uma semana. A 23 de julho, a China lançou a Tianwen-1 (nome retirado de um poema da China antiga, escrito por Qu Yuan, e que significa "Questionar a Verdade dos Céus").
Esta é a primeira tentativa de Pequim de pousar no Planeta Vermelho e também de colocar uma sonda em órbita. Na prática, a Tianwen-1 pretende orbitar, aterrar e lançar um rover no Planeta Vermelho.
A sonda foi lançada a partir de Hainan, uma ilha que se situa no ponto mais a sul do país, e deverá chegar a Marte também em fevereiro de 2021.
Dias antes da missão chinesa, também os Emirados Árabes Unidos deram o seu primeiro grande passo para além da órbita da Terra.
A missão Amal (que significa “Esperança” em árabe) partiu no dia 19 de julho com destino a Marte a partir do centro espacial de Tanegashima, no Japão, tornando-se no primeiro país do mundo árabe a juntar-se às missões interplanetárias.
Esta sonda deverá começar a orbitar Marte a partir de fevereiro de 2021. A partir desse momento deverá orbitar em volta do planeta durante 687 dias terrestes (equivalente a um ano marciano), com o objetivo de descobrir informações sobre a dinâmica da atmosfera.
De acordo com a Associated Press “a sonda Amal está programada para acompanhar a sonda Maven da NASA, enviada a Marte em 2014 para estudar como o planeta passou de um clima quente e húmido, que pode ter abrigado vida microbiana (…), para passar a ser o lugar frio e árido de hoje”,
As várias missões simultâneas em curso podem, no entanto, significar algo mais do que uma corrida ao espaço, diferente da rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria.
Apesar dos desentendimentos na Terra, os países parecem estar unidos na descoberta dos mistérios do cosmos. Na semana passada, a Agência Espacial Europeia congratulou a Administração Nacional Espacial da China pelo lançamento, assim como o administrador da NASA.
"Com este lançamento, a China está a caminho de se juntar à comunidade internacional de exploração científica de Marte. Estados Unidos, Europa, Rússia, Índia e em breve os Emirados Árabes Unidos vão receber-vos em Marte para juntos embarcarmos num emocionante ano de descoberta científica. Viaja em segurança, Tianwen-1!", escreveu Jim Bridenstine no Twitter.
John Logsdon, professor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, em declarações à ABC News refere que “há sempre competição porque os cientistas são competitivos e todos querem as melhores descobertas possíveis, mas numa perspetiva mais ampla é o mundo que lucra com várias missões."
"Queremos aprender mais sobre Marte, por isso quanto mais missões existirem, melhor estamos. Uma missão não poderá impedir outras de fazer o seu trabalho”, acrescentou.