Mecanismo de apoio alerta para necessidade alimentar imediata em Macomia
O Mecanismo de Resposta Rápida (MRR) alertou para a necessidade de assistência alimentar imediata das quase 400 famílias em Mucojo, distrito de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, após recentes ataques de grupos armados.
"Entre 06 e 08 de julho, confrontos armados entre grupos armados não estatais e as Forças Armadas moçambicanas intensificaram-se no mar no posto administrativo de Mucojo (...). A violência desencadeou uma nova onda de deslocações, com as famílias a fugirem para o mato e algumas a chegarem a Macomia sede", lê-se num relatório de campo do mecanismo, que visa fornecer assistência imediata e coordenada a populações afetadas por crises.
De acordo com o MRR, muitas das cerca de 393 famílias afetadas pelo conflito já tinham regressado aos distritos de Mucojo e Quiterajo e retomado os seus meios de subsistência baseados na pesca, "mas foram novamente obrigados a fugir devido à insegurança e à falta de condições básicas".
O MRR é implementado por meio de uma colaboração entre várias organizações, incluindo o Governo de Moçambique, agências das Nações Unidas, organizações não-governamentais e a Cruz Vermelha, com o objetivo principal de responder rapidamente às necessidades emergências, garantindo que as pessoas mais vulneráveis recebam apoio vital, como alimentos, abrigo, água, saneamento e proteção.
Segundo o mecanismo, uma avaliação levada a cabo em 16 de julho com parte dos agregados familiares afetados pelos conflitos armados naquele posto administrativo permitiu identificar que 98% das famílias têm a alimentação como uma das três principais necessidades.
"As conclusões realçaram a necessidade de assistência alimentar imediata em espécie ou assistência em dinheiro/vales, quando as condições de mercado o permitem", avança.
Foram apontadas ainda, pelas famílias, como das principais necessidades, a assistência em produtos não alimentares (78% dos agregados) e o abrigo (70%), acrescenta o documento.
A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.