Membros da ESA vão dar prioridade aos lançadores europeus
Os ministros da ciência dos 17 países membros da Agência Espacial Europeia (ESA) decidiram hoje em Berlim dar prioridade aos lançadores europeus de satélites, para apoiar a tecnologia do continente, afirmaram fontes próximas das negociações.
Os responsáveis por aquela área, incluindo o português, Mariano Gago, encontram-se desde segunda-feira na reunião do Conselho Ministerial da Agência Espacial Europeia para decidir os programas que vão orientar a Europa do espaço nos próximos cinco anos.
A "preferência europeia" recai sobre os lançadores desenvolvidos pela ESA, quer os grandes, como o foguetão europeu Ariane-5, ou os pequenos, como o Vega, cujo primeiro voo está previsto para o fim de 2007.
Estes foguetes serão lançados a partir do centro espacial da ESA em Kourou, na Guiana Francesa, em 2008-09.
Em declarações à Agência Lusa em Berlim, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago afirmou que Portugal terá uma "intervenção exploratória" no programa de futuros lançadores espaciais, como o FLTP, um sistema ainda a ser criado, para substituir o actual programa ARIANE, "e muito importante no que se refere às novas tecnologias".
Durante a reunião, os ministros manifestaram-se igualmente de acordo em manter o financiamento da Estação Espacial Internacional (ISS) até um limite previsto de 650 milhões de euros até 2008.
Os responsáveis aceitaram ainda o princípio de um aumento anual até 2010 de 2,5 por cento do orçamento consagrado à investigação científica.
Trata-se de um programa "obrigatório" de 500 milhões de euros, pelo que todos os países membros devem assegurar o financiamento.
As actividades da ESA repartem-se por dois tipos de programas:
o obrigatório e o opcional.
No primeiro, a participação de um Estado membro é forçosa e implica um financiamento proporcional ao peso do seu Produto Interno Bruto (PIB) relativamente ao PIB dos outros Estados membros.
No opcional, cada Estado membro participa de acordo com as suas escolhas estratégicas e disponibilidade financeira.
As reuniões de nível ministerial dos Estados membros da ESA realizam-se de dois em dois anos ou de três em três anos, tendo as últimas decorrido em 2001 e 2003.
Portugal assinou em Dezembro de 1999 o acordo de adesão de Portugal à ESA, organização que visa a cooperação europeia no âmbito da investigação e tecnologia espaciais. O país tornou-se então o 15º membro de pleno direito da agência.
Apesar de reconhecer que Portugal aderiu à ESA "muito tarde", Mariano Gago sublinhou que "desde então constitui um grande incentivo à nossa indústria".
O responsável acrescentou que, após a adesão à Agência Espacial Europeia, surgiram em Portugal muitas empresas de base tecnológica, um sector extremamente qualificado.
A ESA, formalmente fundada em 1973 com o objectivo de dotar a Europa de capacidade espacial independente, tem como prioridades responder às necessidades do programa espacial europeu e dos países membros, e aumentar a competitividade da indústria europeia.