Membros da mafia russa condenados por tentativa de assassínio de jornalista
Dois alegados membros da máfia russa foram sentenciados na quarta-feira a 25 anos de prisão por terem contratado um assassino para procurar matar a jornalista irano-norte-americana Masih Alinejad, na sua casa em Brooklyn, há três anos.
A tentativa de assassínio falhou.
"Atravessei o Atlântico para vir para a América e ter uma vida normal, mas não a tenho", disse Alinejad, antes de a juíza Colleen McMahon anunciar as sentenças, no tribunal federal de Manhattan, de Rafat Amirov, de 46 anos, e Polad Omarov, de 41.
"Sou uma mulher forte e corajosa. Eles não me podem quebrar. Mas trouxeram medo à minha vida. Estes criminosos viraram a minha vida de cabeça para baixo", disse Alinejad na ocasião.
O procurador Michael D. Lockard afirmou que os condenados estavam a cumprir ordens do Irão para silenciar Alinejad, que tem milhões de seguidores nas redes sociais, mais do que o líder supremo do Irão.
Os procuradores acusaram o iraniano Amirov e o georgiano Omarov de serem chefes da máfia russa especializada em crimes no estrangeiro.
O julgamento decorreu durante duas semanas de março, incluindo o testemunho de um assassino a soldo e de Alinejad, autora, ativista e colaboradora da Voice of America.
Os procuradores asseguraram que os homens eram dirigentes da Gulici, uma fação da máfia russa que realiza assassínios, assaltos, extorsão, raptos, roubos e incêndios nos EUA e em outros países fora da Federação Russa.
Alinejad, de 49 anos, liderou campanhas nas redes sociais de mobilização de mulheres para gravarem vídeos de si próprias para mostrarem os cabelos e assim protestarem contra as determinações para os cobrir em público.
Os procuradores acusaram agentes dos serviços de informações iranianos de a procurarem raptar em 2020 e 2021 nos EUA, para a transferirem depois para o Irão, com vista ao seu silenciamento.
Em julho de 2022, o Irão ofereceu meio milhão de dólares a quem matasse Alinejad, depois de terem falhado as tentativas de a assepsiar, descredibilizar e intimidar, acrescentaram os procuradores.
Estes salientaram ainda que a tentativa de matar a jornalista "esteve muito próxima de ser bem-sucedida", o que não aconteceu por sorte, uma vez que tinha saído da cidade quando o assassino estava à sua procura e devido "à diligência e tenacidade dos polícias (norte-)americanos, que detetaram e anularam a conspiração a tempo".
Alinejad testemunhou que tinha vindo para os EUA em 2009, depois de ter sido proibida de cobrir as eleições presidenciais iranianas e de o jornal em que trabalhava ter sido encerrado.