Metsola admite "desafio" por Europeias de 2024 serem perto de feriados em Portugal

por RTP
"Sim, é um desafio o facto de as eleições serem tão tardias" Julien Warnand - EPA

A presidente do Parlamento Europeu admite que a realização das eleições europeias em junho de 2024 "é um desafio" para Portugal, por estarem coladas a feriados, podendo aumentar a abstenção, mas defendeu que a afluência depende "da campanha".

"Sim, é um desafio o facto de as eleições serem tão tardias", admitiu Roberta Metsola, numa entrevista à Agência Lusa e outras agências de notícias europeias, em Bruxelas, a propósito do projeto European Newsroom (Redação Europeia), do qual a Lusa é membro observador.

A líder da assembleia europeia recordou que esta foi a data escolhida devido à realização de eleições locais e nacionais noutros países noutros fins de semana alternativos, mas reconheceu que o facto de as Europeias serem em junho "coloca enormes problemas não só ao país [Portugal], mas a muitos países onde as férias escolares já terão começado, por exemplo, e também nos países do sul, onde já é bastante quente para ter eleições nessa altura".

"A data é o que é e sei que em Portugal a discussão está a decorrer (...) para se poder votar antes ou então que se possa votar também a partir da casa de férias e penso que isso ajudará", acrescentou.

Porém, de acordo com Roberta Metsola, "a afluência às urnas depende do tipo de campanha que se fizer e da forma como se consegue cativar os eleitores sobre a importância da Europa", após crises como a pandémica (covid-19), a energética e a relacionada com a guerra na Ucrânia, assuntos que "não se podem resolver de forma isolada, ao nível nacional".

"Como traduzir o que acabei de dizer em algo que hoje em dia convença um cidadão que geralmente não se interessa por política a ir votar é o nosso trabalho, a nossa responsabilidade", salientou. Metsola quer evitar extremismos no ParlamentoSalvaguardando que um eventual "absentismo não significa necessariamente que os extremistas irão ganhar" ou ter mais peso na próxima legislatura do Parlamento Europeu, Roberta Metsola defendeu ainda assim que "se deve atuar" para evitar extremismos.

"Fizemos melhor quando ignorámos o risco de crescimento dos votos extremistas ou será que conseguimos recuperar terreno quando contrariámos a sua narrativa? Estou convencida de que a segunda é a forma como se deve agir para compreender cidadãos frustrados, que se sentem marginalizados, que se sentem ignorados pelos principais partidos", frisou.

Relativamente à futura configuração do hemiciclo, Roberta Metsola admitiu que "as delegações estão a ficar cada vez mais fragmentadas", com cada vez mais grupos políticos.

Por maioria, os Estados-membros da UE decidiram fixar o período de 6 a 9 de junho de 2024 para o escrutínio para a assembleia europeia, apesar da oposição de Portugal à data predefinida.

Em resposta, o Governo português assegurou que iria intensificar o voto em mobilidade e defendeu mudanças no regime que determina as datas para as eleições europeias.

O dia 10 de junho é feriado nacional, assinalando-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e o dia 13 de junho é feriado em Lisboa, pelo que o executivo teme uma menor afluência às urnas e tentou alterar a data, sem sucesso.

As duas últimas eleições europeias, em 2019 e 2014, realizaram-se no final de maio.Negociações para adesão da Ucrânia podem começar este ano
Na mesma entrevista, Roberta Metsola aproveitou para defender que as negociações formais sobre a adesão da Ucrânia e Moldova à União Europeia devem ser iniciadas até ao final do ano, pedindo aos Estados-membros que "não desiludam milhões de pessoas".

"Em vez de nos centrarmos na data (...) - e é bom que exista uma data em cima da mesa -, vamos concentrar-nos na esperança de iniciar as negociações de adesão até ao final deste ano", disse a presidente do Parlamento Europeu, numa altura em que se aponta 2030 como a possível data para a entrada da Ucrânia na UE.

"As negociações de adesão deveriam poder ser iniciadas e progressivas [porque] cada país tem o seu próprio caminho, mas não desiludamos os milhões de pessoas que olham para a Europa como a sua casa", apelou.

"Posso dizer, com base na minha experiência de país candidato, que é preciso dar passos e que se estamos a avançar rapidamente porque as recomendações que nos são feitas estão a ser atendidas, então temos de estar prontos para dar o próximo passo e, portanto, se a Ucrânia e a Moldova estiverem prontas, então as negociações de adesão devem ser concluídas", vincou ainda a responsável.

Para a abertura das negociações formais de adesão é necessário o acordo de todos os Estados-membros da UE, sendo que tal processo visa preparar um país candidato em termos de adaptação à legislação e de aplicação das necessárias reformas judiciais, administrativas e económicas.

c/ Lusa

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