Michel Temer afasta recandidatura nas presidenciais brasileiras de 2026

O antigo Presidente brasileiro Michel Temer negou hoje uma recandidatura às presidenciais no próximo ano e mostrou-se convicto de que o vencedor será um candidato moderado que "consiga pacificar o país", afirmou à agência Lusa. 

Lusa /

Questionado sobre rumores na imprensa brasileira de que foi desafiado pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) a concorrer, apesar de ser membro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Temer rejeitou o cenário. 

"Eu já fiz o que deveria fazer no país. Eu tive 32, 33 anos de vida pública, ocupei os mais variados cargos, cheguei até à Presidência da República. Hoje, quando muito, se me pedem, eu dou alguns palpites, nada mais do que isso", disse, em entrevista à Lusa em Londres.

O antigo chefe de Estado (2016-2018) reconheceu que a sua candidatura tem sido defendida por ser defensor de "uma tese pacificadora" da política brasileira onde exista uma "polarização de ideias, de conceitos, de programas. Mas não uma radicalização como nos últimos tempos (...) aconteceu no Brasil", lamentou.

"O povo brasileiro, a grande massa do povo brasileiro, está muito ansiosa por uma figura moderada, uma figura que consiga pacificar o país. Daí porque, imodestamente, de vez em quando se lembra do meu nome. Mas não está no meu horizonte", insistiu. 

Na opinião de Temer, nas próximas eleições presidenciais brasileiras, previstas para outubro de 2026, vai ganhar "alguém que pregue uma certa tranquilização do país". 

"E a tranquilização não significa que não haverá divergência, porque a divergência é natural na democracia. Mas não haverá esta coisa mais cruenta, mais cheia de ódios", acrescentou. 

Temer mostrou-se aberto a uma eventual redução das penas por cada delito praticado, o que poderá abranger o antigo Presidente Jair Bolsonaro e seus apoiantes condenados por envolvimento numa tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições presidenciais de 2022 .  

"Eu acho que essa é uma outra questão que tem que ser solucionada", disse, mostrando-se favorável a uma modificação da legislação penal para permitir recursos junto do Supremo Tribunal Federal (STF) "para pacificar o país".

Perante a aproximação das eleições presidenciais nos dois países, que se realizam ambas em 2026, o antigo Presidente brasileiro assumiu uma afinidade e proximidade com Portugal. 

"Eu, particularmente, admiro muito o semi-presencialismo do Estado português. Cheguei até a pregar, e prego ainda, que seria um sistema ideal para" o Brasil, confiou. 

Temer espera que as relações entre os dois países lusófonos continuem próximas, "com suas divergências naturais", e que Portugal continue a receber bem os brasileiros.

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