Migrantes venezuelanos enviados para El Salvador exigem justiça ao governo dos EUA
Centenas de imigrantes venezuelanos que o Governo norte-americano transferiu no início do ano para uma prisão em El Salvador exigiram justiça na sexta-feira, após um juiz ter decidido a seu favor.
Um juiz federal de Washington ordenou na segunda-feira que o governo norte-americano de Donald Trump garanta o devido processo legal aos 252 venezuelanos, através de audiências judiciais ou do seu repatriamento para os Estados Unidos.
A decisão abre caminho para que os homens contestem a alegação de que são membros do gangue Tren de Aragua e, por isso, sujeitos a deportação com base numa lei de guerra do século XVIII.
Os homens afirmaram repetidamente que foram torturados física e psicologicamente enquanto estavam na conhecida prisão salvadorenha CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo.
"Hoje (sexta-feira), estamos aqui para exigir justiça perante o mundo pelas violações dos direitos humanos cometidas contra cada um de nós e para pedir ajuda a organizações internacionais para nos auxiliarem na nossa defesa, para que os nossos direitos humanos sejam respeitados e não sejam novamente violados", realçou Andry Blanco aos jornalistas em Caracas, onde cerca de duas dezenas de imigrantes se reuniram.
Alguns dos homens partilharam as dificuldades diárias que enfrentam atualmente, incluindo o medo de sair de casa ou de se depararem com a polícia, como consequência do que descreveram como abusos brutais sofridos na prisão.
Os homens não especificaram como a justiça deveria ser feita nos seus casos, mas nem todos estão interessados em regressar aos Estados Unidos.
Os migrantes foram levados de avião para El Salvador em março e enviados de volta para o seu país natal em julho, no âmbito de uma troca de prisioneiros entre os governos de Trump e do Presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Camilla Fabri, vice-ministra venezuelana dos Negócios Estrangeiros para as Comunicações Internacionais, afirmou que o Governo de Maduro está a trabalhar com uma associação de advogados norte-americana e "todas as organizações de direitos humanos para preparar um grande processo contra Trump e o governo dos Estados Unidos, para que reconheçam realmente todos os crimes que cometeram contra" estes homens.