Cerca de 1.300 pessoas fugiram do leste de Myanmar para a Tailândia, anunciaram hoje as autoridades tailandesas, quando novos combates eclodiram numa cidade fronteiriça que foi recentemente capturada por guerrilheiros étnicos.
Os combatentes da minoria étnica Karen capturaram na semana passada o último posto avançado do exército da antiga Birmânia em Myawaddy, que está ligada à Tailândia por duas pontes sobre o rio Moei.
Novos confrontos ocorreram hoje de manhã, quando os guerrilheiros atacaram as tropas birmanesas que estavam escondidas perto da Ponte da Amizade Tailândia-Myanmar, disse o chefe da polícia Pittayakorn Phetcharat, no distrito tailandês de Mae Sot.
Phetcharat disse que cerca de 1.300 pessoas fugiram para a Tailândia, segundo a agência norte-americana AP.
Myawaddy é um importante ponto de passagem para o comércio entre os dois países do Sudeste Asiático.
As autoridades tailandesas informaram que os birmaneses começaram a atravessar a fronteira desde sexta-feira, após confrontos em várias áreas de Myawaddy.
A queda de Myawaddy é um grande revés para os militares que tomaram o poder do governo eleito de Aung San Suu Kyi em 2021.
As outrora poderosas forças armadas de Myanmar sofreram uma série de derrotas sem precedentes desde outubro de 2023.
Perderam faixas de território, incluindo postos de fronteira, tanto para combatentes étnicos, que lutam por maior autonomia há décadas, quanto para unidades de guerrilha pró-democracia que pegaram em armas contra os militares.
Os confrontos, que envolveram ataques de `drones` das forças Karen e ataques aéreos das forças armadas de Myanmar, diminuíram ao meio-dia de sábado (hora local) em comparação com a manhã.
O chefe de polícia de Mae Sot afirmou que as autoridades tailandesas iriam transferir as pessoas em fuga para uma zona mais segura.
Imagens da fronteira tailandesa mostraram soldados tailandeses a manter a guarda perto da ponte, com sons de explosões e tiros ao fundo.
Pessoas com crianças atravessaram o rio com os seus pertences e foram recebidas por funcionários tailandeses na margem.
Várias pessoas foram vistas a abrigar-se em edifícios ao longo da margem do rio no lado de Myanmar.
O primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin, escreveu hoje nas redes sociais que estava a acompanhar de perto a situação na fronteira.
"Não desejo que estes confrontos tenham qualquer impacto na integridade territorial da Tailândia e estamos prontos a proteger as nossas fronteiras e a segurança do nosso povo", afirmou.
"Ao mesmo tempo, estamos também prontos a prestar assistência humanitária, se necessário", acrescentou Thavisin, citado pela AP.
A Tailândia entregou em março um primeiro lote de assistência humanitária a Myanmar para cerca de 20.000 pessoas deslocadas.
As autoridades tailandesas anunciaram há uma semana que se estavam a preparar para receber 100.000 birmaneses devido aos combates no outro lado da fronteira.
