Militares moçambicanos intensificam combate a terroristas em Macomia

As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas estão a intensificar combates nas matas de Macomia, província de Cabo Delgado, tentando perseguir supostos terroristas que circulam na região, disse hoje à Lusa fonte oficial.

Lusa /

Segundo a fonte, ligada às operações militares no terreno, estas incluem bombardeamento aéreo, perseguição e reconhecimento dos movimentos dos rebeldes nos postos administrativos de Quiterajo e Mucojo, a 70 e 40 quilómetros da vila sede de Macomia, respetivamente, onde a ação decorre há quase dez dias.

"Desde o dia 07 de setembro, as zonas de Quiterajo e Mucojo têm sido alvo da ação militar, houve reforço de material, até aéreo, para bombardeamento", explicou a fonte, a partir de Macomia.

Os combates no terreno têm, contudo, levado à fuga de populares para a vila sede de Macomia, receando ataques dos grupos insurgentes.

"Há famílias que saem por medo, não porque foram atingidas. Aliás, a força ampara muito bem os residentes", acrescentou a fonte.

O total de deslocados pelos recentes ataques de grupos terroristas no norte de Moçambique subiu para 5.770, nos últimos dias, em três distritos de Cabo Delgado, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com um relatório do terreno da OIM, com dados até 15 de setembro, esta "escalada" de ataques e "aumento de medo e violência" registou-se entre 25 de agosto e 11 de setembro nos distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia e Montepuez.

Acrescenta que esta nova onda de insegurança levou ao "deslocamento de aproximadamente 5.770 pessoas", equivalente a 1.471 famílias, incluindo 3.271 pessoas de Mocímboa da Praia, 2.230 que "fugiram de várias localidades no distrito de Muidumbe" e 269 do distrito de Montepuez.

Em quatro dias trata-se de um aumento de 1.500 deslocados, tendo em conta dados do balanço anterior.

Do total de deslocados atual, 2.601 são crianças, 235 idosos e 131 grávidas, segundo o mesmo relatório.

No final de julho, ataques de grupos terroristas no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, segundo relatório anterior da OIM.

A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.

O Governo moçambicano lamentou na semana passada os mais recentes ataques terroristas em Cabo Delgado, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha "menos sofrimento possível".

"Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central", disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros.

Referiu ainda que é papel do Estado travar a "onda de malfeitores" em Cabo Delgado, para que não se registem novos ataques e não se ponha em causa a "tranquilidade dos moçambicanos em qualquer parte do país".

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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