Militares norte-americanos regressam à fronteira síria com a Turquia

Militares norte-americanos em veículos blindados foram avistados na zona da fronteira turco-síria, na região nordeste da Síria, de onde retiraram no início do mês abrindo uma polémica que incendiou a praça mediática, e onde não eram vistos desde essa altura. Os campos de petróleo sírios podem ser a explicação para este regresso.

RTP /
Imagem de arquivo de 21 de Outubro, quando os militares abandonaram a região a que estão agora de regresso. Ari Jalal, Reuters

De acordo com uma fonte – citada pela Reuters – das Forças Democráticas da Síria (SDF, sigla usada pelos media internacionais), milícias comandadas pelos curdos, a patrulha norte-americana foi avistada mais do que uma vez em movimentações entre as cidades de Rmeilan e Qahtaniyah, a escassos quilómetros da linha que separa os dois países.

Com base nas indicações desta fonte militar, a Reuters captou já esta quinta-feira em vídeo, a partir de território turco, imagens de uma coluna militar com bandeiras norte-americanas na cidade de Qamishli, cerca de 30 km a Oeste de Qahtaniyah.Nem Ancara nem as SDF comentam este cenário que pode vir a alterar/repor o balanco de forças na região.

Na primeira semana de Outubro, cumprindo uma ameaça que mantinha no ar havia vários dias, Erdogan anunciou uma série interminável de operações militares na fronteira com a Síria, levando à saída apressada dos militares norte-americanos da zona após o que foi anunciado como um acordo negociado entre o presidente turco e a administração norte-americana.

O anúncio da saída foi feito por Donald Trump a 6 de Outubro. Seguiram-se críticas temperadas em geral com o epíteto de “traidores”, uma vez que o principal papel para anular o progresso do Estado Islâmico na região coubera precisamente aos curdos, que nessa empreitada – os americanos nunca chegaram a “pôr as botas no terreno” (tradução livre da expressão “boots on the ground”) – perderam, de acordo com as suas contas, mais de 10 mil combatentes.

Questionados sobre estas movimentações que voltam a dar sinais de vida americana na zona, os EUA responderam através de um porta-voz da coligação liderada pelos Estados Unidos: “Todas as operações da coligação estão em conformidade com as movimentações de outras forças a operar na região”, declarou o coronel Myles Caggins.

“Começámos a reposicionar os militares da coligação na região de Deir al-Zor em coordenação com os nossos aliados do SDF para reforçar a segurança e prosseguir a nossa missão com objectivo de aniquilar os últimos combatentes do Estado Islâmico”, acrescentou o oficial americano numa declaração à Reuters.

Na última semana, os Estados Unidos anunciaram que iam enviar para a zona mais forças militarizadas, com o apoio de maquinaria pesada e veículos de combate, para garantir a segurança dos poços de petróleo sírios na região (a maioria estão contudo situados na província de Deir al-Zor, a Sul da fronteira com a Turquia) e impedir que venham, como aconteceu nos primeiros anos do chamado Califado, a cair nas mãos de militantes do Estado Islâmico.

O local onde foram avistadas as forças norte-americanas coincide com a localização, a Norte, dos campos petrolíferos sírios. Nem a Turquia, nem a Rússia e o Irão vêem com bons olhos esta decisão de Washington.
Tópicos
PUB