Ministra moçambicana da Cultura sai de orquestra da Casa da Música para ir ajudar o seu país

por Lusa

A nova ministra da Cultura e do Turismo de Moçambique, Eldevina Materula, assumiu hoje que nunca teve aspirações para ser ministra do seu país, mas afirmou que sempre teve a "aspiração de ajudar Moçambique".

"Esta nunca foi uma aspiração minha: ser ministra. Mas foi sempre uma aspiração minha ajudar Moçambique e, por isso, eu faço o que faço em Moçambique com o projeto [de ensino] Xiquitsi", avançou hoje à agência Lusa a nova ministra da Cultura e do Turismo de Moçambique, a partir do Porto, cidade onde atualmente desempenha as funções de oboé solista, na Orquestra Sinfónica da Casa da Música.

A poucas horas de viajar para Moçambique, a ministra da Cultura e do Turismo de Moçambique declarou, por seu turno, que se sente "extremamente honrada" por ter sido nomeada para o cargo de ministra do seu país.

"Sinto-me extremamente honrada. Não poderia estar mais feliz, porque isto é sem dúvida o reconhecimento de um trabalho que eu tenho vindo a desenvolver em Moçambique de forma altamente profissional e sem estar a qualquer partido político", disse, voltando a referir-se ao projeto Xiquitsi, iniciado em 2013, na capital moçambicana.

Eldevina Materula dirige o projeto Xiquitsi, cujo objetivo é tentar a integração, inserção social e capacitação profissional de crianças e jovens, de meios desfavorecidos, por intermédio do ensino coletivo da música. Pretende também criar a primeira orquestra sinfónica do país.

O projeto valeu à atual ministra da Cultura de Moçambique uma condecoração com a medalha da Ordem de Mérito, pelo Presidente da República Portuguesa, em 2016.

A nomeação de Eldevina Materula foi também celebrada pela Fundação Casa da Música.

"A Casa da Música deseja a Eldevina Materula as maiores felicidades no exercício do cargo de ministra da Cultura e Turismo de Moçambique", lê-se num comunicado enviado à Lusa.

Eldevina é oboé solista do agrupamento residente da Casa da Música desde 2009, e tem contribuído com "competência e dedicação para a "qualidade da Orquestra Sinfónica" e para o "desenvolvimento da vida musical portuguesa", escreve a Casa da Música, no comunicado.

Além da sua atividade na Orquestra Sinfónica Casa da Música, Eldevina Materula tem-se distinguido, também, enquanto docente e diretora artística e autora do Xiquitsi.

Eldevina Materula, 37 anos, também conhecida por Kika Materula, nasceu em Maputo, Moçambique, iniciou os seus estudos musicais aos sete anos e, aos 13 anos, veio para Portugal estudar na Escola Profissional de Música de Évora (Alentejo), no âmbito de um intercâmbio, e foi aí que descobriu o que era um oboé, o instrumento que toca na Orquestra da Casa da Música, entidade na qual faz parte dos quadros de trabalhadores, mas da qual vai fazer uma "pausa", segundo fonte da Casa da Música.

O novo executivo moçambicano entrou em funções no domingo. As eleições gerais realizaram-se no dia 15 de outubro do ano passado, nas quais Filipe Nyusi venceu as presidenciais e o seu partido, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), ganhou as legislativas e provinciais.

Na cerimónia de posse, que decorreu no sábado no Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado moçambicano, tomaram posse o primeiro-ministro e 16 dos 17 ministros nomeados na sexta-feira, estando ausente Eldevina Material, nomeada ministra da Cultura e Turismo.

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