Ministro da Fazenda descarta queda de investimento estrangeiro
*** Carla Mendes, da Agência Lusa ***
Brasília, 19 Fev (Lusa) - O Governo brasileiro acredita que a crise internacional não provocará uma queda significativa dos investimentos estrangeiros directos no país, incluindo os portugueses, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Agência Lusa.
"A nossa expectativa é que não haverá retracção de investimentos estrangeiros directos no país, incluindo os investidores portugueses. Ao contrário, a nossa perspectiva é de que o Brasil continuará sendo um destino privilegiado e preferencial para investimentos de médio e longo prazo devido à solidez da economia", destacou Mantega.
Na entrevista, o ministro acrescentou que a resposta do Governo brasileiro à crise tem sido "acelerar investimentos no sentido de abrir novas oportunidades para capital privado, nacional e estrangeiro".
A crise será um dos temas centrais do encontro de Mantega com o ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos hoje em Brasília.
"Na oportunidade, vamos destacar que o Brasil tem mostrado uma resistência singular e diferenciada em termos de efeitos da crise", avançou Mantega à Lusa.
O ministro brasileiro realçou, contudo, que os investimentos não são o foco principal do Governo em função do quadro recessivo mundial.
"O foco hoje é manter investimento público, manter emprego e manter o crescimento económico. Mas acredito que o interesse no Brasil será mantido. Os investimentos estrangeiros no país bateram o recorde em 2008" (35,5 mil milhões de euros), assinalou.
Embora afaste o receio de uma retracção forte do fluxo de investimentos directos no Brasil em 2009, Mantega admitiu que a crise pode adiar os investimentos externos, devido, entre outros factores, às dificuldades no crédito, que diminuirão o nível de actividade em todo o mundo.
"Mas os fundamentos da economia brasileira estão sólidos e isso vai garantir o interesse de outros países em investir aqui após o arrefecimento da crise. Vai voltar investimento externo, vai voltar poupança externa e o Brasil vai crescer", salientou.
Mantega lembrou que o Brasil passou a sentir mais fortemente os efeitos da crise a partir de Setembro do ano passado, com a escassez e o encarecimento do crédito nos mercados interno e externo, o que afectou principalmente o sector financeiro e as empresas exportadoras.
Em consequência, a crise provocou impactos nos sectores agrícola, automobilístico e de construção civil, que enfrentam problemas com a falta de liquidez e são muito sensíveis a choques externos.
O ministro reconheceu que o crédito externo deverá continuar escasso por mais algum tempo, devido à recessão nos Estados Unidos e na Europa.
Por isso, o Governo injectou recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para empréstimos às empresas e garantir os investimentos no Brasil.
CMC.
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