Missão de avaliação propõe envio de 3.000 militares da SADC

A missão técnica de avaliação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai propor o envio de 2.916 militares para ajudar Moçambique no combate aos grupos armados que aterrorizam a região norte, segundo um relatório da organização.

Lusa /
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A proposta consta do relatório que a missão vai submeter à reunião extraordinária do Comité Ministerial do Órgão da Política de Defesa e Segurança da SADC, agendada para quarta-feira em Maputo, e à Cimeira Extraordinária da Troika da SADC, marcada para sexta-feira, também na capital moçambicana.

"A equipa de avaliação propõe o destacamento imediato de uma força de alerta da SADC para ajudar as FADM [Forças Armadas de Defesa de Moçambique] no combate à ameaça do terrorismo e atos de extremismo violento em Cabo Delgado", lê-se no documento.

A maioria dos militares da SADC será constituída por 1.860 elementos de três batalhões de infantaria ligeira, seguidos de 140 elementos de duas unidades de forças especiais e 120 de uma equipa de comunicações.

Os setores de unidade de engenharia militar e logística serão compostos por 100 efetivos, cada, cabendo às restantes áreas os outros elementos.

Em termos de meios, a equipa de avaliação propõe que sejam enviados para Moçambique dois navios de patrulha, um submarino, um avião de vigilância marítima, seis helicópteros, dois drones e quatro aviões de transporte.

A intervenção militar da SADC na guerra em Cabo Delgado deve obedecer a quatro fases, propõe ainda a missão de avaliação da organização regional.

A primeira será de recolha de informações por terra, ar e mar, visando adquirir um conhecimento profundo do "inimigo", e a segunda será do envio imediato de forças especiais para a condução de operações contra alvos selecionados e eliminação da criminalidade marítima na área de operação.

A terceira fase consistirá nas operações de pacificação e a quarta na retirada da força da SADC.

O relatório considera "prioritária" a assistência humanitária aos deslocados internos dos ataques armados em Cabo Delgado e a formação das FADM em "inteligência militar".

A missão de avaliação propõe que deve ser dada formação e treino às FADM para o combate ao terrorismo.

"As FADM precisam de apoio imediato nos setores aéreo, marítimo e operações terrestres", refere-se no texto.

Para a eficácia da participação da SADC no combate aos grupos armados, a equipa de avaliação propõe a criação de um mecanismo de coordenação que vai integrar uma coordenação das componentes civil e militar e um centro conjunto de informações.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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