Mitos alimentares potenciam má nutrição na Indonésia

por RTP
Os lanches tendem a ser pesados em carboidratos, deixando as adolescentes com pouca proteína, vitaminas e minerais Dylan Martinez - Reuters

Nutricionistas dizem que as adolescentes na Indonésia consomem pouca proteína, vegetais e fruta. Estes hábitos alimentares, aliados a vários tabus, têm também consequências na gravidez.

Afirmações como “comer asas de frango torna difícil encontrar um marido” e “o ananás tem implicações na fertilidade” são absurdas para muitas culturas, mas para os indonésios são bastante credíveis.

A crença nestes mitos leva a que a Indonésia seja o país com as estatísticas mais alarmantes do mundo relativamente à nutrição. De acordo com a UNICEF, “quase oito milhões de crianças são raquíticas e estima-se que haja três milhões de casos de desnutrição grave a cada ano”.

As adolescentes indonésias são os casos mais preocupantes e as que mais consequências sofrem com as crenças nestes mitos. “Duas em cada cinco adolescentes são magras devido à desnutrição”, um dado preocupante uma vez que na Indonésia ter o primeiro filho na adolescência faz parte da normalidade.

“O estado nutricional de uma mulher grávida é um determinante crucial da saúde e nutrição de uma criança”, escreve a UNICEF.
Luta contra a má nutrição
De acordo com a agência Reuters, a Girl Effect, uma organização sem fins lucrativos que usa a tecnologia dos telemóveis para ajudar as crianças adolescentes, uniu-se à organização global Nutricion International com o fim de melhorar os hábitos alimentares das crianças.

O foco são as meninas, dado que a desnutrição durante a gravidez é “uma das principais causas do baixo peso do bebé ao nascer e do atraso no crescimento, bem como um fator de risco para complicações durante o parto”.

Para isso, criaram uma aplicação para os telemóveis “que fornece conteúdo interativo para meninas sobre questões sociais e de saúde”.

Marion Roche, especialista da saúde dos adolescentes na Nutrition International, diz que “as meninas adolescentes não sabem o que é ser saudável, pois a saúde é entendida como a ausência de doenças”. Deste modo, acrescenta que é preciso “dar-lhes o conhecimento necessário para fazerem escolhas saudáveis”.

De acordo com a Reuters, se o projeto fundado pelas duas organizações tiver sucesso, poderá ser aplicado também nas Filipinas e Nigéria.
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