MNE alemão abalado com imagens do vídeo com reféns sequestrados
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, mostrou-se hoje abalado com as imagens do vídeo que mostra os dois reféns alemães no Iraque à mercê dos sequestradores.
"Foram imagens chocantes que nos chegaram hoje do Iraque", disse Steinmeier, hoje em Berlim, referindo-se ao vídeo divulgado pela televisão árabe Al-Jazira, em que os dois reféns, sequestrados na terça-feira, pedem ao Governo alemão que faça tudo para os libertar.
O MNE alemão garantiu que o executivo "fará tudo o que é humanamente possível para que os dois engenheiros estejam de novo em segurança, e agirá com a necessária ponderação".
Steinmeier apelou também de novo aos sequestradores para libertarem "imediatamente" os dois cidadãos alemães, e sublinhou que o seu Governo "condena veementemente" o rapto.
Os dois alemães, que estavam no Iraque apenas há três dias para montar instalações de produção de gases técnicos numa refinaria de Beiji, 240 quilómetros a norte de Bagdad, foram sequestrados na terça-feira quando se dirigiam do local de residência para o trabalho.
Os objectivos dos sequestradores e a sua identificação continuam a não ser claros, e as autoridades alemãs não adiantaram se já foi pedido um resgate para libertar os reféns.
No vídeo transmitido pela Al-Jazira há, no entanto, um cartaz a dizer "Apoiem as brigadas Al Tawid Wa-Sunna".
Em Outubro de 2005, quatro elementos deste grupo foram condenados no Tribunal de Dusseldorf a penas de vários anos de prisão, por terem preparado atentados terroristas em Berlim e noutros pontos da Alemanha.
De acordo com a queixa-crime, alguns elementos do grupo tinham estreitas ligações à rede terrorista Al Qaida e ao chefe desta organização no Iraque, o jordano Abu Mussab al-Sarqawi.
Não há indícios de que o sequestro de René Braeuliche e Thomas Nitschke esteja relacionado com a condenação dos referidos militantes da Al Tawid, mas a coincidência está a preocupar as autoridades alemãs.
Os dois reféns são montadores da firma Cryotec, de Bennewitz (Leipzig), que tem negócios com o Iraque desde meados de 2005, tendo formado engenheiros iraquianos na Alemanha.
No entanto, para o arranque das instalações de produção de gases técnicos na refinaria de Beiji era necessária a presença no Iraque dos engenheiros alemães, disse a gerência da Cryotec em comunicado à imprensa.
O Governo alemão criticou a direcção da empresa, e acusou-a de não respeitar as advertências do Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre os elevados riscos da estada de alemães no Iraque.
As referidas advertências foram reforçadas após o sequestro, há dois meses, da arqueóloga alemã Susanne Osthoff, libertada três semanas depois, após negociações entre o Governo alemão e os raptores.