MNE taiwanês visita Europa ao mesmo tempo que homólogo chinês
O chefe da diplomacia de Taiwan, Lin Chia-lung, encontra-se de visita à Europa, segundo fonte oficial, numa deslocação que decorre em paralelo com a digressão do seu homólogo chinês, Wang Yi, por Áustria, Eslovénia e Polónia.
A coincidência entre ambos os itinerários é pouco habitual e poderá aumentar a tensão entre Pequim e os parceiros europeus, uma vez que o Governo chinês rejeita contactos entre altos responsáveis taiwaneses e políticos de países com os quais mantém relações diplomáticas.
Em nota enviada à agência EFE, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan explicou que a visita de Lin tem como objetivo "destacar os valores partilhados entre Taiwan e a Europa", no âmbito do "Ano da Cultura de Taiwan na Europa", uma campanha lançada por Taipé para reforçar os intercâmbios culturais com o continente europeu.
A visita visa ainda "interagir e dialogar com os amigos europeus, com o objetivo de continuar a promover intercâmbios mais ricos e estreitos nos domínios cultural e outros", referiu o ministério, sem adiantar pormenores sobre o itinerário do chefe da diplomacia.
O porta-voz da chancelaria taiwanesa, Hsiao Kuang-wei, confirmou à agência noticiosa CNA que Lin chegou na quinta-feira à República Checa, onde irá participar na inauguração de uma exposição de arte imperial chinesa no Museu Nacional de Praga.
Atualmente, o único Estado europeu com relações diplomáticas formais com Taipé é a Cidade do Vaticano, mas vários países da Europa Central e de Leste têm vindo a estreitar os seus laços com Taiwan, sobretudo após a invasão russa da Ucrânia.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, inicia hoje uma visita à Europa que inclui paragens na Áustria, Eslovénia e Polónia, num périplo que se prolongará até 17 de setembro.
Pequim considera Taiwan uma parte "inalienável" do seu território e não exclui o uso da força para alcançar a "reunificação" com a ilha, um dos objetivos estratégicos definidos pelo Presidente chinês, Xi Jinping, desde que chegou ao poder em 2012.
Nos últimos anos, a China tem intensificado a pressão diplomática e militar sobre Taiwan, realizando com maior frequência exercícios militares nas proximidades da ilha e forçando a perda de aliados diplomáticos de Taipé, que optam por estabelecer relações com Pequim.
O Governo de Taiwan, liderado desde 2016 pelo Partido Democrático Progressista, de orientação soberanista, defende que a ilha é, de facto, um país independente e que o seu futuro só pode ser decidido pelos seus 23 milhões de habitantes.