Moçambique decreta luto nacional pela morte de João Paulo II
O presidente moçambicano, Armando Guebuza, anunciou hoje que o país fará luto nacional pela morte do Papa João Paulo II, em cujas cerimónias fúnebres Moçambique será representado pelo presidente do parlamento, Eduardo Mulémbwe.
Falando hoje aos jornalistas, em Maputo, Guebuza sublinhou o papel "preponderante" de João Paulo II no processo de pacificação de Moçambique, que culminou com a assinatura do acordo geral de Paz em Roma, entre a FRELIMO e a RENAMO, a 04 de Outubro de 1992.
"O Santo Padre deu uma grande contribuição para a promoção da cultura de paz em Moçambique e para o incremento de programas de educação cívica dos moçambicanos", sublinhou o chefe de Estado moçambicano, referindo-se ao encorajamento que João Paulo II deu ao diálogo que pôs termo a 16 anos de guerra civil em Moçambique.
A questão do luto nacional, duração e data, será decidida na terça-feira em Conselho de Ministros, disse Guebuza.
O primeiro-ministro recordou ainda o engajamento de Papa na angariação de apoios para a minimização do sofrimento dos moçambicanos, na sequência das cheias de 2000 no país.
"Recordamo-nos da sua acção de mobilização de vontades e apoios para minorar os efeitos das calamidades naturais que assolaram regiões do nosso país", afirmou.
A RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, também já reagiu à morte de João Paulo II, enaltecendo "o papel decisivo e histórico", que o Sumo Pontífice teve no processo de paz moçambicano.
Todas as reacções em Moçambique à morte do chefe da Igreja Católica destacam o grande impulso dado por João Paulo II à pacificação de Moçambique, ao encorajar a Igreja Católica moçambicana e a Comunidade de Santo Egídio a mediarem as negociações de paz.
O Papa recebeu várias vezes no Vaticano as delegações da FRELIMO e da RENAMO ao longo do processo que culminou com a assinatura da paz.