Moçambique. Deputados doam dia de salário para apoiar deslocados 

Os deputados da Assembleia da República de Moçambique doaram hoje um dia do seu salário para apoiar vítimas deslocadas pelo terrorismo no distrito de Memba, província de Nampula, no norte do país. 

Lusa /

"O papel do Governo é criar condições para manter segurança para a nossa população. Queremos saudar as Forças de Defesa e Segurança porque estão a trabalhar no sentido de fazer com que os terroristas voltem atrás", disse Margarida Talapa, presidente do parlamento moçambicano, durante a entrega dos donativos.

Trata-se de cerca de 60 toneladas de diversos produtos alimentares, comprados com o salário dos deputados, que deverão ser entregues às famílias afetadas pelo terrorismo e que se encontram atualmente em centros de acolhimento no distrito de Eráti, na província de Nampula. 

Talapa pediu que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique continuem "firmes" para assegurar que a população deslocada possa regressar às suas zonas de origem.

A Lusa noticiou hoje que, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), um total de 71.983 pessoas fugiram numa semana do distrito de Memba, na província moçambicana de Nampula, devido a ataques de grupos terroristas.

De acordo com um relatório de campo daquela agência das Nações Unidas, os recentes ataques de grupos armados não estatais no distrito de Memba, entre 10 e 17 de novembro, desencadearam novas deslocações, agravando a escalada da violência no norte de Moçambique em 2025.

Citando dados e atualizações de organizações estatais e humanitárias que monitorizam o conflito no norte de Moçambique, a OIM assinala que, entre 16 e 23 de novembro, foi confirmada a deslocação de 14.172 famílias (71.983 pessoas) com destino a Eráti, distrito da mesma província.

Trata-se de um aumento de mais de 5.000 deslocados em 24 horas, tendo em conta o relatório anterior da OIM, que apontava para mais de 66.000 pessoas em fuga dos locais de origem, naquele distrito, até 22 de novembro.

Pelo menos cinco pessoas morreram nos recentes ataques extremistas em Memba, norte de Moçambique, disse em 18 de novembro o governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, alertando que o número pode aumentar devido à falta de informação de zonas ainda inacessíveis.

A instabilidade levou ainda à suspensão de vários projetos públicos em Memba, incluindo a construção de um centro de saúde e o sistema de abastecimento de água do distrito.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram a autoria de pelo menos dois ataques na província moçambicana de Nampula, provocando a morte de cinco cristãos, noticiou anteriormente a Lusa. 

Na reivindicação, feita através dos canais de propaganda do grupo, refere-se que num dos ataques a uma aldeia "capturaram e mataram quatro cristãos a tiro" e que queimaram uma igreja. Noutro local assumiram que mataram um cristão e queimaram duas casas.

A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

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