Moçambique. Parlamento considera "ato bárbaro" o recrutamento de crianças pelos terroristas

A presidente do parlamento moçambicano, Margarida Talapa, considerou hoje um "ato bárbaro" o recrutamento de crianças para fileiras do terrorismo que afeta, desde 2017, a província de Cabo Delgado, no norte do país.

Lusa /
UNICEF

"Reiteramos a nossa firme condenação a estes atos bárbaros, incluindo o recrutamento de crianças para ações terroristas, o que constitui uma grave violação dos direitos humanos", disse a presidente da Assembleia da República, ao dirigir a abertura da segunda sessão ordinária desta legislatura, esta manhã, em Maputo.

Margarida Talapa frisou que o terrorismo continua a "ensombrar" o futuro de Moçambique, que agora também começa a afetar a província de Nampula, que faz fronteira com Cabo Delgado, referindo que estas regiões ainda sofrem da "presença dos inimigos do desenvolvimento" do país.

"A bravura das nossas Forças de Defesa e Segurança, apoiadas pela Força Local e nossos irmãos Ruandeses e Tanzanianos, é louvável e deve ser acompanhada pelo reforço de vigilância ativa das comunidades", disse, acrescentando que "o parlamento está e estará sempre ao lado da defesa da soberania nacional, da paz e da estabilidade".

Nas mesmas declarações, a presidente do parlamento moçambicano considerou que o diálogo político em curso, com a auscultação a avançar a nível nacional, reflete a "maturidade" e "o espírito de reconciliação e inclusão".

"A Assembleia da República está a acompanhar os primeiros passos deste processo e estamos convictos que os resultados serão promissores de um Moçambique mais democrático, para a formulação de políticas públicas mais justas, equitativas e alinhadas com os anseios do nosso Povo", disse Margarida Talapa, pedindo participação massiva.

"Convidamos a toda sociedade a fazer parte deste diálogo, um espaço privilegiado onde todos podemos contribuir sobre a nação que queremos que seja o viveiro da estabilidade e uma Terra desenvolvida, onde a paz e a reconciliação abundam", acrescentou a responsável.

O parlamento moçambicano inicia hoje a segunda sessão ordinária desta legislatura, com a primeira informação anual do chefe do Estado, Daniel Chapo, e a proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) 2026 na agenda, até dezembro.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

Quase 93 mil pessoas fugiram de Cabo Delgado e Nampula desde finais de setembro devido ao recrudescimento dos ataques no norte de Moçambique, duplicando o número de deslocados em poucos dias, segundo anteriores dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou, em 06 de outubro, como "atos bárbaros" e contra a "dignidade humana" os ataques que se registam em Cabo Delgado.

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual.

Tópicos
PUB