Moçambique precisa de 160 milhões de euros para responder à próxima época chuvosa em Nampula

As autoridades de Moçambique precisam de 12 mil milhões de meticais (160,1 milhões de euros) para fazer face à próxima época chuvosa, que se inicia em outubro, na província de Nampula, norte do país.

Lusa /

"As projeções indicam que em Nampula vai ter chuvas acima do normal e isso remete-nos a alguma atenção redobrada", disse Anacleta Botão, delegada do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres (INGD), durante a apresentação do plano de contingência provincial 2025-2026, no Comité de Emergência em Nampula.

Segundo a representante, até ao momento, ainda não há estimativas sobre a passagem de ciclones na região.

Porém, as autoridades também se preparam com base na época chuvosa 2024/25, em que Nampula foi atingida por três ciclones, entre os quais o Jude, o mais recente a afetar o país, que fez pelo menos 43 mortos, dos quais 41 na província.

"Fizemos um exercício de perceber com as chuvas que nós temos e num cenário de ciclone, numa magnitude idêntica ao do Jude; vimos que a província irá precisar de um esforço para responder à altura. Por isso é que estimamos em cerca de 12 mil milhões de meticais para fazer face a resposta imediata", explicou.

Para Anacleta Botão, Nampula mostra-se "muito sensível", neste momento, decorrendo ainda ações de assistência aos afetados pelos desastres naturais da última época: "Estamos a crer que não tenhamos um cenário igual da época passada".

As autoridades garantem que se as projeções de chuvas se mantiverem, com previsões de inundações e ventos fortes, a intervenção do Governo poderá ser à altura, mas alertam para um "desafio maior" com a potencial chegada de um ciclone de "magnitude destruidora".

"Nós, como Governo, estamos a trabalhar. Temos alguns meios posicionados na província e na nossa região norte, qualquer situação podemos contar com esses meios. Temos pontes móveis, temos algumas embarcações para fazer face a qualquer situação", afirmou Botão.

Tudo o que for acontecer durante a época chuvosa vai merecer uma "atenção e um tratamento específico", acrescentou.

As autoridades moçambicanas anunciaram na semana passada que estão a preparar um plano de emergência para fazer face à época chuvosa 2025/26, pedindo que as comunidades estejam atentas aos avisos emitidos sobre os ciclones.

"A partir de agora, nós estamos já a preparar o nosso plano de contingência que inicia no distrito, que é onde já estamos, que depois vai para a província", disse a presidente do INGD, Luísa Meque, durante o lançamento das simulações no bairro da Maraza, cidade da Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique. 

O Governo moçambicano estima necessidades de financiamento de 31,3 mil milhões de euros até 2030 para alcançar a resiliência climática, conforme a estratégia aprovada em 16 de setembro pelo Conselho de Ministros.

Em 12 de setembro, as autoridades moçambicanas alertaram para cheias de "grande magnitude" no país e inundações em pelo menos quatro milhões de hectares agrícolas durante a próxima época chuvosa, que se inicia em outubro em Moçambique.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre anualmente entre outubro e abril.

Só entre dezembro e março, na última época ciclónica, Moçambique foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, o primeiro e mais grave, no final de 2024.

O número de ciclones que atingem o país "vem aumentando na última década", bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de Moçambique, divulgado em março.

Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Tópicos
PUB