Morre no Brasil ex-deputado que ajudou a revelar fugas de informação de Snowden
O ex-deputado brasileiro David Miranda, que trabalhou na investigação do marido Glenn Greenwald sobre as revelações de Edward Snowden, delator de um escândalo de espionagem nos Estados Unidos, morreu hoje, aos 37 anos.
"É com a mais profunda tristeza que anuncio a morte do meu marido", escreveu Glenn Greenwald no Twitter.
"Morreu esta manhã, depois de uma batalha de nove meses numa unidade de cuidados intensivos. Estava em paz, rodeado pelos nossos filhos, família e amigos", acrescentou o jornalista de 56 anos, que vive no Rio de Janeiro com os dois filhos do casal.
David Miranda, que faria 38 anos na quarta-feira, foi hospitalizado em agosto depois de sofrer fortes dores abdominais.
Mais tarde, os médicos diagnosticaram-lhe infeções no sangue que provocaram a falência de vários órgãos.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve entre as várias autoridades políticas do país que reagiram à morte do ex-deputado federal.
"Um jovem de trajetória extraordinária que partiu cedo demais", descreveu o chefe o Estado brasileiro.
Jornalista de formação, David Miranda, que cresceu na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, trabalhou com Glenn Greenwald na publicação, no diário britânico The Guardian, que divulgou as fugas de informação de Edward Snowden, consultor da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA).
Snowden forneceu à imprensa, em 2013, dezenas de milhares de documentos que mostram a extensão da vigilância efetuada por esta agência, que espiava grandes empresas e instituições públicas de outros países.
David Miranda foi detido durante várias horas no aeroporto de Londres pelo seu papel nas fugas de informação, em agosto do mesmo ano. Na ocasião, Greenwald denunciou uma tentativa de "intimidação".
David Miranda entrou então na política, tornando-se o primeiro vereador abertamente gay do Rio de Janeiro em 2016, antes de ser eleito para a Câmara dos Deputados em 2019, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).