Morreu a compositora finlandesa Kaija Saariaho, aos 70 anos

por Lusa

A compositora finlandesa Kaija Saariaho morreu hoje, aos 70 anos, em casa, em Paris, anunciou a família, em comunicado.

"Estamos devastados em anunciar que Kaija Saariaho morreu hoje de manhã, pacificamente na sua casa, em casa em Paris", lê-se num comunicado hoje divulgado, assinado pelo marido, a filha e o filho da compositora.

Nascida em Helsínquia, em 1952, Kaija Saariaho compôs para diferentes formações, de pequenos ensembles a orquestra, contando ainda com ópera, música para teatro, dança e música eletroacústica.

Kaija Saariaho foi a compositora em residência na Casa da Música, no Porto, em 2010, e regressou a esta instituição em 2019, para fazer a estreia portuguesa da sua obra "Ciel d`hiver", integrada na programação "Música no Feminino".

"Lichtbogen", "Graal théâtre", "Laconisme de l`aile", "L`aile du songe" são algumas das suas peças presentes no repertório de diversas orquestras portuguesas, como a Gulbenkian, a Metropolitana de Lisboa, o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Porto, além do Grupo Música Nova, de Cândido Lima, que revelou a compositora ao público português.

Entre as obras de Saariaho destacam-se igualmente as óperas "Émile" e "L`Amour de loin", ambas com libreto do escritor Amin Maalouf, e ambas apresentadas em Portugal, no âmbito da Temporada Gulbenkian de Música, em Lisboa, em 2013 e 2016, e na Casa da Música, no Porto ("Émile").

Na temporada 2014-2015, Kaija Saariaho foi mentora do compositor português Vasco Mendonça, no programa internacional Mestres Discípulos.

A gravação de "L`Amour de loin", estreada no Festival de Salzburgo, em 2000, pela Orquestra Sinfónica Alemã de Berlim, sob a direção de Kent Nagano, foi distinguida com o Prémio Grammy, em 2011.

Em 2021, venceu o Leão de Ouro de carreira da 65.ª edição do Festival Internacional de Música Contemporânea, da Bienal de Veneza, "pelo extraordinário nível técnico e expressivo que alcançou nas partituras para coros".

Na altura, a Bienal de Veneza destacou que Kaija Saariaho é reconhecida não só pelo trabalho artístico original para voz, mas em particular pela composição "Oltra Mar", de 1999, "uma obra-prima absoluta" para coro e orquestra, "harmonicamente complexa, mas de composição clara", e influenciada pelo impressionismo.

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