O arcebispo norte- americano Paul Marcinkus, implicado num dos maiores escândalos financeiros do Vaticano, morreu hoje, aos 84 anos, em Phoenix, Arizona, anunciou a agência italiana Ansa, citando a diocese de Phoenix.
Nascido em 15 de Janeiro de 1922 em Cícero, arredores de Chicago, Marcinkus foi ordenado padre em 1947 e nomeado arcebispo em 1981.
Foi responsável pelo Instituto das Obras Religiosas (IOR), conhecido como o banco do Vaticano, de 1978 a 1989.
Foi forçado a abandonar o lugar após ter sido afectado pelo escândalo da falência do Banco Ambrosiano, instituição privada italiana de que o IOR era o principal accionista.
Este caso começou quando Roberto Calvi, simples funcionário do Banco Ambrosiano, se tornou o seu patrão com o apoio de Marcinkus.
Contudo, a gestão de Calvi provocou um "buraco" de 1.400 milhões de dólares (1.175 milhões de euros) no banco e levou a um segundo "buraco", de cerca de 250 milhões de dólares (210 milhões de euros), nos cofres do IOR.
Roberto Calvi foi encontrado, em 18 de Junho de 1982, enforcado num pilar da ponte de Blackfriars, em Londres.
A investigação começou por concluir por suicídio, mas novos elementos levaram à condução de um inquérito por assassínio e cinco pessoas, entre as quais várias ligadas à Cosa Nostra - a máfia siciliana -, estão actualmente a ser julgadas em Itália.
O destino deste dinheiro - do qual importantes maquias pertenciam à máfia - nunca foi completamente elucidado. Os peritos na altura perderam-se em conjecturas envolvendo, nomeadamente, contas privadas, apoio à loja maçónica italiana P2, ou ao sindicato polaco Solidariedade, proibido na altura.
A justiça italiana chegou a inculpar Marcinkus neste caso, mas o cardeal norte-americano obteve o apoio do Papa João Paulo II e deixou o Vaticano em 1990, estabelecendo residência em Phoenix.